‘Situação preocupante’, relata chefe do Samu sobre muitos atendimentos, em Manaus

A nova disparada de casos de Novo Coronavírus em Manaus voltou a estrangular o sistema de saúde causando colapso no Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (Samu). Do último dia 27 de dezembro até esta terça-feira (5), 60% dos chamados foram para atender casos de Síndrome Respiratória, que inclui a Covid-19.

O chefe do Samu, Ruy Abrahim, relatou um verdadeiro caos no atendimento do órgão, que se encontra sobrecarregado e com dificuldades até para encontrar vagas nos hospitais. “As vezes ficamos de um lado para o outro com o paciente, sem ter onde deixar, porque os hospitais estão cheios. E não falo com maldade, é que realmente não tem vagas. Já está fora do controle”, explica.

Para se ter uma ideia, apenas na último segunda-feira (4), o Samu atendeu cerca de 50 casos de síndrome respiratória. O cenário, segundo Abrahim, só não é pior do que o período de abril e maio de 2020, quando houve o primeiro pico de Covid-19, e o Samu, chegou a atender em apenas 24 horas, cerca de 130 pacientes só de síndrome respiratória. Sem esquecer que os demais atendimentos de acidentes e ferimentos diversos, apesar de terem diminuído, continuam ocorrendo.

Todo esse volume exorbitante de atendimentos causa desgastes de estrutura do Samu, como equipamentos, insumos, veículos e profissionais. Com a estrutura estrangulada o serviço rápido, que é a marca registrada, fica comprometido, como cita Abrahim sobre o tempo-reposta que está piorando por conta desses problemas.

“Os atendimentos desses pacientes de síndromes respiratória são mais demorados. As equipes precisam se paramentar adequadamente. E até depois que termina, a ambulância precisa passar por limpeza e desinfecção. O que tem deixado o tempo-resposta mais longo. Com o tempo-resposta longo, associado ao grande número de chamadas, a gente orienta, se a família tiver condições de levar o paciente por meio próprio, é melhor. Não tem como atender todos em tempo hábil”, orienta o chefe do Samu.

Quanto ao prejuízo da estrutura física, oito ambulâncias estão paralisadas por falta de equipamentos que acabam ficando presos nos hospitais com os pacientes que são deixados na unidade, inclusive cilindro de oxigênio. Os carros também se encontram subutilizadas, e acabam apresentando problemas e tendo que ir para oficina, o que também atrapalha.

De acordo com Abrahim, sem citar um número exato, já são diversos profissionais afastados, por contraírem a doença covid-19, entre médicos, enfermeiros, motoristas e outras áreas. Abrahim informou que em condições normais, o Samu já tem um déficit (falta) de profissionais, com a pandemia, a situação piorou, e espera que o próximo concurso público, cubra as necessidades.

“A situação é preocupante. Acho que precisa montar um hospital de campanha para receber os pacientes já internados, para que os prontos-socorros possam receber os pacientes. Temos muitos problemas, mas o principal deles, é você chegar em um hospital e ter que voltar com o paciente na ambulância porque não tem vaga”, completa Abrahim.

Rede de assistência

De acordo com o boletim Covid-19 da Fundação de Vigilância e Saúde do Amazonas (FVS) em todo estado, entre os casos confirmados, há 1.126 pacientes internados, sendo 735 em leitos (242 na rede privada e 484 na rede pública), 373 em UTI (129 na rede privada e 240 na rede pública) e 18 em sala vermelha, estrutura voltada à assistência temporária para estabilização de pacientes críticos/graves para posterior encaminhamento a outros pontos da rede de atenção à saúde.

Há, ainda, outros 382 pacientes internados considerados suspeitos e que aguardam a confirmação do diagnóstico. Desses, 285 estão em leitos clínicos (165 na rede privada e 120 na rede pública), 75 estão em UTI (59 na rede privada e 16 na rede pública) e 22 em sala vermelha.

De Joandres Souza – Portal Manaus Alerta