‘Isso é uma confissão’, diz Renan Calheiros sobre Queiroga cancelar contrato da Covaxin

Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros afirma nesta quarta-feira que a suspensão do acordo para a compra da vacina Covaxin, intermediada pela Precisa Medicamentos, é uma demonstração pública de culpa. A decisão, revelada pelo GLOBO, foi anunciada pelo Ministério da Saúde na terça, após recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU). A medida vale enquanto o órgão apurar as supostas irregularidades. As informações são do Extra. 

— Quando o Queiroga suspende o contrato da Covaxin, isso é uma confissão, uma demonstração pública de culpa. Infelizmente, o Queiroga tem sido uma espécie de Pazuello de jaleco.

Ao final da análise da CGU, a pasta decidirá se o contrato será encerrado. Alvo da CPI da Covid, o acordo com a Precisa — investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) por improbidade administrativa — atraiu suspeitas de irregularidades após denúncia do servidor da pasta Luis Ricardo Miranda, que diz ter sido pressionado acelerar o processo.

A argumentação para cancelar o contrato inclui que a empresa não cumpriu o calendário de entrega das doses, além de não ter recebido autorização para uso emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O valor total do contrato — para a compra de 20 milhões de doses — alcança R$ 1,6 bilhão. O montante foi empenhado, isto é, reservado pela Saúde, mas ainda não foi pago.

Perguntado se o presidente Jair Bolsonaro entrará na mira das investigações, Renan respondeu que essa é uma questão de competência:

— Como todos sabem o envolvimento do Presidente da República não é por prevaricação, por saber, por ter conhecimento. Não, o envolvimento do Presidente da República é porque ele teria participado desde o primeiro momento das negociações (da Covaxin).

O caso Covaxin deslanchou após os depoimentos dos irmãos Miranda à CPI na última sexta-feira. Irmão do servidor, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro citou o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR) como o respoinsável pelo suposto esquema. Barros, por sua vez, já é alvo de investigações pela ligação com a Precisa.

Ele e o irmão, lotado no Departamento de Logística do ministério, denunciaram as irregularidades na importação da vacina produzida pela Bharah Biotech pessoalmente a Bolsonaro. Antes, o funcionário relatou ao deputado que os imunizantes estavam perto do vencimento e que tinha medo de expor o caso.