
Em um ato que soa mais como tentativa de intimidação do que como busca por justiça, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), entrou com um processo judicial contra o humorista Dunga Mesquita. O motivo? Piadas feitas sobre sua polêmica viagem ao Caribe, que gerou enorme repercussão nas redes sociais e indignação entre os moradores da capital.
Além de Dunga, o vereador Sargento Salazar (PL) também foi incluído na ação, que pede R$ 25 mil por danos morais. Como se não bastasse, até a esposa do prefeito, Izabelle Fontenelle, resolveu acionar o humorista na Justiça.
O humorista afirma publicamente que não tem condições financeiras de arcar com os valores pedidos, mas deve contar com o apoio do vereador Salazar para se defender.
Tentativa de silenciamento ou defesa da honra?
Processar um humorista por fazer piadas é, no mínimo, um sinal preocupante para a liberdade de expressão. Humor político sempre foi parte essencial da crítica social — e quando o riso passa a ser motivo de censura, algo está fora do lugar.
Nos últimos anos, o prefeito David Almeida já processou jornalistas, portais de notícias e agora parte até para cima de cidadãos comuns. O que antes era reservado à imprensa crítica, agora se expande para quem ousa dizer algo contra sua administração.
A ação parece deixar claro: quem critica, vira réu.
Democracia se faz com críticas, não com censura
Governantes devem ser capazes de ouvir críticas, mesmo que duras, especialmente quando envolvem dinheiro público, viagens questionáveis e decisões impopulares. É o preço da vida pública: ser fiscalizado.
A crítica, seja feita por um jornalista, um vereador ou um humorista, é um direito garantido pela Constituição e uma ferramenta essencial para manter os poderosos sob vigilância.
Quando a Justiça é usada como instrumento para calar opositores ou intimidar críticos, abre-se um precedente perigoso, onde a opinião vira ameaça e o riso, motivo de punição.
Verreador responde: “Faço meu trabalho, faça o seu”
Em suas redes sociais, Vereador Sargento Salazar desabafou:
“Fui processado pelo prefeito, considerado! Juntamente com o comediante @dunga.mesquita fomos intimados para responder o processo. Saiba que você é uma figura pública, aprenda a ouvir críticas. Faço meu trabalho de forma a levar ao conhecimento público e até mesmo ao seu conhecimento os diversos problemas que a população passa. Eu faço meu trabalho e quero que você faça o seu trabalho!”
O desabafo, compartilhado com milhares de seguidores, rapidamente viralizou e trouxe à tona um debate maior: a quem serve um político que não aceita ser questionado?
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Ao invés de esclarecer a população, prestar contas ou mesmo rir de si mesmo, o prefeito prefere usar o poder do cargo para atacar judicialmente quem não o bajula. Mas o riso, como a crítica, é uma das últimas trincheiras da democracia — e não vai ser calado tão facilmente.