Superação: conheça a história de Brenda e sua luta contra o câncer de mama durante a pandemia

O câncer é uma das doenças mais temidas do mundo. O medo do desconhecido e por ter um tratamento tão invasivo e com diversos efeitos colaterais faz com que o diagnóstico seja tão assustador  para muitas. A administradora Brenda Grazyela, aos 24 anos, teve sua vida transformada quando descobriu o câncer de mama logo no início da pandemia da Covid-19. Hoje, após 1 ano, ela conta sua história de superação com muita fé, resiliência e força.

História 

Ao conversar com a equipe do Manaus Alerta, Brenda Grazyela, que nasceu no Pará e mora em Manaus desde os 5 anos, contou que tudo começou em um dia comum, em abril de 2020. Após chegar do trabalho, Brenda sentiu fortes dores na mama e, ao tocar no local, sentiu um nódulo do tamanho de uma moeda de um real. A partir disso ela resolveu fazer uma ultrassonografia para investigar, já que sua família possui histórico da doença.

O médico que a atendeu viu o resultado e disse que não era ”nada demais”, então passou uma medicação para tomar durante três dias. A medicação acabou, mas a dor continuou mais forte e passou a ser mais frequente. Ela então buscou um segundo médico que disse o mesmo, pois as chances de um câncer aos 24 anos é menor que 5%. Na terceira tentativa ela foi em busca de um mastologista, médico especialista em mama, que também tratou do câncer de sua mãe. Ele investigou o caso com mais atenção e, após 1 meses, ela teve o diagnóstico exato.

”Foi um choque para meus amigos. Todos queriam me proteger e me limitar, mas eu optei por continuar minha rotina o máximo possível. Conversei com a empresa que eu trabalho e, como já estamos em home office, continuei trabalhando de casa”, disse a administradora.

Tratamento 

Brenda, que sempre foi uma pessoa muito ativa, trabalhava, estudava e gostava de estar com os amigos, precisou diminuir um pouco o ritmo. Ela fez 16 sessões de quimioterapia e uma cirurgia da mastectomia.

Ela precisou ser transferida para o Rio de Janeiro para continuar o tratamento com um grupo de 8 pessoas enviadas pelo FCecon, pois a pandemia da Covid-19 em Manaus atingia seu primeiro pico, o sistema de saúde colapsou e as alas do hospital precisaram ser usadas para quem estava infectado.

Foto: Reprodução/Instagram

Antes de descobrir sobre o câncer, Brenda foi diagnosticada com Covid-19, mas teve apenas sintomas leves. Durante toda a pandemia seu cuidado precisou ser redobrado para que não sofresse uma reinfecção, uma vez que o tratamento do câncer não podia parar. Ela precisou sair de casa várias vezes para ir até as clínicas realizar os exames e ao hospital fazer a quimioterapia.

Mastectomia

A mastectomia é o procedimento cirúrgico que funciona como parte do tratamento e consiste em fazer a remoção de uma ou ambas as mamas. É uma das etapas que mais assusta quem passa pela doença.

Brenda estava com a sua cirurgia marcada, mas, devido à pandemia, todas foram canceladas. Nesse momento, ela e uma turma de outras mulheres precisaram ser enviadas para o Rio de Janeiro para que pudessem realizar o procedimento.

A administradora afirma que, apesar de ser um desafio, o seu alento foram as companheiras de quarto.

”Eu sabia que precisava encarar por mim e pela minha família que estava aflita e longe. O meu consolo foi conversar e brincar com minhas companheiras de quarto. Nos tornamos a força uma da outra. Claro que tive medo de como eu iria reagir a primeira vez que visse a mutilação, mas eu tirei força sei lá de onde e logo quis ver”, explica Brenda.

Ensaio fotográfico 

Assim que voltou de viagem, Brenda resolveu fazer um ensaio mostrando sua cicatriz após a cirurgia e registrar mais um ano de vida no dia 13 de abril, quando completou 25 anos.

”Cheguei em Manaus, vestia minhas roupas e tudo ficava estranho, sentia vergonha e a tristeza batia na porta. Lembrei do primeiro ensaio que fiz careca e aquilo me incentivou a assumir e a me achar bonita do jeito que estava. Não é uma beleza exterior que eu via nas fotos, mas sim a minha história e o que eu estava passando, além da forma como eu resgatei minha autoestima me vendo. Assumir a careca me deu liberdade”.

O ensaio foi feito pelo olhar da fotógrafa Mariana Gurgacz, que registrou Brenda e cada detalhe de sua nova fase.

Foto: MarianaGurgacz
Foto: MarianaGurgacz

”Essa cicatriz é a minha história o símbolo do que eu passei. Eu posso fazer a reconstrução futuramente mais ela sempre vai está aqui pra me lembrar do qual forte eu fui”, afirma Brenda.

Cura 

A cura não é tão simples quanto aparece, mesmo após a cirurgia. Infelizmente, a característica do tumor de Brenda é um dos mais agressivos, do tipo ‘triplo negativo’. Apesar de ter sido completamente retirado, o tratamento precisa continuar com radioterapia diariamente e, provavelmente, finalizado com quimioterapia em comprimidos, que tem um pouco menos de reação e não tem queda de cabelo.

Prevenção

No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que, a partir dos 50 anos, toda a população feminina faça mamografia a cada dois anos para rastrear a doença.

Brenda aconselha que mulheres jovens incluam a ultrassonografia nos exames preventivos anuais, ou semestrais, principalmente se houver alguém histórico na família. Apesar da chance de ser maligno na juventude, a chance não é zero e requer atenção também. Quando ele acontece em mulheres abaixo dos 30, ele tende a ser mais agressivo.

Aprendizado 

O câncer de mama sempre foi um grande tabu. Nos últimos anos, famosas e pessoas anônimas que passam pela doença começaram a contar seus relatos e suas experiências fazendo com que chegue mais informações a todos e que, de alguma forma, também seja força para outras mulheres que não sabem lidar com o diagnóstico.

Brenda diz que toda sua trajetória mudou sua vida.

”Sempre sofri muito de ansiedade de estresse por ser muito ativa. Hoje, eu sou muito mais tranquila, aprendi a parar de me questionar pelo o que não deu certo, sou mais feliz ao que tenho e por cada conquista. Isso me dá força!”, finaliza a administradora.

A administradora compartilha toda sua trajetória nas redes sociais com o intuito de dar forças para quem já viveu e vive a dor. Quem tiver interesse em acompanhar, pode segui-la no instagram clicando aqui.

Por Thainá Araújo – Portal Manaus Alerta