
Uma rodada de conversas mediadas por delegados americanos e líderes europeus aproximou consideravelmente as posições de Kiev e Moscou, segundo autoridades norte-americanas — a avaliação é que cerca de 90% das diferenças já foram encaminhadas. O avanço abre a perspectiva de um acordo de paz que poderia pôr fim a anos de guerra, mas a definição sobre a soberania dos territórios hoje controlados por tropas russas permanece como o principal entrave.
O que já está em discussão
Fontes ligadas às negociações dizem que grande parte do debate se concentrou em garantias de segurança para a Ucrânia em um cenário pós-conflito. Entre as propostas está um mecanismo de proteção coletiva, inspirado no princípio de assistência mútua — similar ao conceito de defesa coletiva adotado pela aliança atlântica — que obrigaria parceiros a intervir caso a Ucrânia sofra novo ataque.
Representantes americanos também relatam ofertas de apoio material substancial por parte de aliados, com a intenção de criar uma estrutura crível de dissuasão. Em paralelo, foram exploradas soluções práticas para as áreas mais contestadas: a possibilidade de deslocamento de forças ucranianas em algumas frentes, a criação de um modelo especial para a gestão econômica de certas zonas e debates sobre a segurança de infraestruturas críticas.
Pontos que continuam em aberto
Apesar do progresso, a pergunta central que trava o acordo é quem será o titular soberano das regiões ocupadas — essa decisão, asseguram interlocutores, caberá em última instância à Ucrânia. Entre os temas sensíveis ainda sem resolução estão: o futuro da região de Donetsk, que chegou a ser discutida com propostas de uma espécie de zona com regras econômicas diferenciadas; o status de outras áreas anexadas por Moscou; e a condição de uma grande usina de energia que segue sob disputa e preocupação internacional.
Também chamou atenção a presença de representantes do setor financeiro em conversas sobre modelos de recuperação econômica em zonas libertadas, o que levanta questões políticas e de transparência sobre envolvimento privado em processos de reconstrução.
Próximos passos e riscos
O presidente dos Estados Unidos anunciou que fará ligações diretas aos principais interlocutores europeus e ao presidente ucraniano em uma tentativa de selar o acordo nas próximas horas. Se avançarem, os termos ainda precisarão ser formalizados, ratificados por parceiros e implementados no terreno — etapas cheias de complexidade logística e política.
Analistas advertem que movimentos militares recentes e incidentes em infraestrutura estratégica podem ser usados por uma das partes para ganhar vantagem nas negociações, o que eleva o risco de frustrações e retrocessos. A salvaguarda de instalações como usinas nucleares aparece como prioridade humanitária e de segurança que pode influenciar a velocidade e a viabilidade de qualquer pacto.
Contexto e impacto
O conflito entre Ucrânia e Rússia transformou-se desde 2022 em uma crise com repercussões globais: deslocamento de civis, insegurança energética e tensões entre grandes potências. Um acordo que resolva a maior parte das divergências e estabeleça garantias robustas de defesa teria potencial para reconfigurar a segurança na Europa e reduzir o risco de novas escaladas, mas dependerá da vontade política dos envolvidos e da implementação de mecanismos verificáveis.
No curto prazo, a atenção se volta para as conversas telefônicas que líderes devem ter nas próximas horas e para a capacidade das partes de converter entendimentos preliminares em compromissos duradouros — ou da possibilidade de que pontos sensíveis, sobretudo sobre soberania territorial, voltem a emperrar o processo.




