A Câmara Municipal de Recife rejeitou, na sessão da última terça-feira, 5, conceder à primeira-dama Michelle Bolsonaro a medalha de mérito Olegária Mariano, homenagem destinada pela Casa a pessoas que tenham se destacado em “atividades culturais, políticas, científicas e sociais”. A decisão foi por 16 votos a nove.
A honraria foi proposta pela vereadora Michele Collins (PP), que descreveu Michelle como uma mulher “humilde, simples e do povo” e “que tem atuado como nenhuma outra primeira-dama anterior”. A parlamentar ressaltou projetos da mulher do presidente no âmbito da caridade e relacionados à inclusão de pessoas com deficiência.
“Michelle Bolsonaro me representa. É mulher simples, humilde, do povo, que veio de Ceilândia (DF) e conquistou um espaço onde muitas mulheres gostariam de estar. Ela tem feito um trabalho de excelência, tem se posicionado ao lado do povo, como uma mulher que ouve as mulheres carentes e necessitadas”, justificou.
Os argumentos pela concessão ou não da medalha acabaram refletindo a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário nestas eleições. Ao argumentarem contra ou a favor de Michelle, os vereadores destacaram feitos negativos e positivos do governo de seu marido, o chefe do Executivo. Também estava prevista uma sessão para deliberar sobre a entrega de uma medalha ao presidente, mas a matéria foi retirada da pauta.
Ao expor seu voto na tribuna, a vereadora Dani Portela (PSOL) lembrou que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) já foi denunciado “inúmeras vezes” na Organização das Nações Unidas (ONU), inclusive por crimes contra a humanidade. “Bolsonaro e Michele são violadores de direitos humanos, não merecem nenhuma homenagem nem nessa casa e nem nesse País”, disse.
A vereadora Liana Cirne (PT) disse que os apoiadores do presidente Bolsonaro “não se criam” na capital pernambucana. “Nós não vamos homenagear quem não tem mérito, quem atrasou a compra da vacina”, disse, listando casos de corrupção que atingiram o primeiro escalão do governo. “Nós não vamos aceitar que a verba da Educação seja desviada para políticos que usam os pastores, que deveriam ser missionários da fé, para serem missionários da bandidagem”.
O vereador Renato Antunes (PSC) defendeu a concessão da homenagem e criticou o PT em seu discurso na tribuna. Segundo ele, Michelle Bolsonaro é uma “mulher inclusiva, cristã, que valoriza a vida, a família e tem como premissa de verdade a Bíblia”. “Aqui se falou que Bolsonaro não se cria, mas queremos falar também que Recife não é quintal de Lula”, afirmou.
Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República ainda não se manifestou sobre as críticas e acusações feitas a Michelle e Jair Bolsonaro.
As informações são do TERRA