Mais da metade dos deputados estaduais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) se mostram favoráveis à cassação do mandato de Arthur do Val. Levantamento aponta que já há adesão de pelo menos 48 parlamentares, número que é suficiente para a perda de mandato de um deputado, caso haja antes um parecer favorável à Comissão de Ética. Ontem, em carta a deputados, Arthur do Val disse que punição era justa, mas cassação ‘excessiva’.
O GLOBO levou em conta no levantamento os parlamentares que assinaram representações à Comissão de Ética, que informaram à reportagem seu entendimento e outros que confirmaram a posição de forma reservada.
Nos últimos dias, Do Val enfrentou uma espiral de repúdio e cancelamentos após visitar a fronteira da Ucrânia e ter um áudio vazado em que afirmava que as mulheres refugiadas são “fáceis porque são pobres”.
Punição exemplar
Na Assembleia paulista, líderes das bancadas veem a situação do deputado como praticamente irreversível e entendem que há consenso formado para que a punição seja exemplar. Como Do Val tem um histórico de polêmicas na Casa e já protagonizou episódios em que xingou seus pares até mesmo de “ladrões”, a avaliação é de que são poucos aqueles que deram ouvidos aos seus pedidos de desculpas.
O deputado já foi alvo de críticas do próprio presidente da assembleia, Carlos Pignatari (PSDB). Entre os que são favoráveis a sua cassação estão o líder do governo Vinícius Camarinha (PSB) e representantes de boa parte dos principais partidos da esquerda, centro e direito, como PT, PSOL, PSDB, Republicanos, entre outros.
Mesmo alguns dos integrantes da Comissão de Ética, que ainda precisam ouvir formalmente a defesa do deputado, já sinalizaram o entendimento que devem seguir. Foi o caso de Adalberto Freitas (União Brasil), que publicou um vídeo nas redes sociais para “repudiar” as declarações de Do Val e afirmar que pedirá a cassação de seu mandato.
“Não há mais palavras para repudiar a fala do deputado Arthur do Val. Repugnante e inaceitável. Minha solidariedade às ucranianas e a todas as mulheres. A Assembleia de São Paulo rejeita em absoluto as opiniões pessoais do parlamentar e irá investigar a conduta com rigor e seriedade”, tuitou.
Também membro da comissão de Ética, o deputado Delegado Olim (PP) diz que ainda é cedo para falar em cassação ou suspensão.
“O meu posicionamento é só nos autos. Como faço da parte da comissão, vou ouvi-lo e ver todos os requerimentos que deram entrada para só depois estudar a pena. Não posso falar de cassação ou suspensão. Temos que dar a chance de ele se defender”.
Outros parlamentares que fazem parte do grupo preferiram a cautela, como foi o caso do petista Enio Tatto. Dos 10 membros da bancada do PT ele foi o único que evitou antecipar o voto, enquanto seus demais colegas de bancada defendem a cassação.