
Em vídeo divulgado nesta sexta-feira, 19 de dezembro, Nicolás Maduro aparece recebendo uma medalha de condecoração de simpatizantes durante uma cerimônia da Sociedade Bolivariana da Venezuela. Segundo o material, a condecoração foi outorgada por unanimidade. O presidente venezuelano declara: "É um grande compromisso! A paz será meu porto, minha glória, meu desejo. Será sempre nossa vitória." A cerimônia ocorre uma semana após María Corina Machado, líder da oposição, ter recebido o Nobel da Paz na Noruega. Um trecho do vídeo ainda mostra uma participante exaltando Maduro como responsável pela paz da Venezuela, da região e do mundo inteiro."
O gesto de Maduro e o simbolismo de uma premiação própria
O episódio reforça uma estratégia de legitimação doméstica, com a maestria de apresentar-se como pilar de estabilidade num momento de acirramento político. A medalha, descrita como conferida por unanimidade, não possui reconhecimento internacional oficial, o que alimenta leituras sobre o uso de símbolos para reforçar a autoridade do governo frente a opositores e à comunidade internacional.
Paralelo com o Nobel da oposição e o papel de Trump
O timing é relevante: a líder oposicionista Maria Corina Machado foi agraciada com o Nobel da Paz na Noruega na semana anterior. Enquanto isso, o material atribui a Donald Trump, há duas semanas, o recebimento de um prêmio criado pela FIFA, segundo sua sugestão, em reconhecimento a supostos esforços pela paz, o que evidencia o alinhamento entre narrativas de "paz" em ambos os lados do Atlântico.
A escalada de tensões com os EUA
No front diplomático, Washington sinaliza que não excluirá a possibilidade de conflito. Em reportagens recentes, autoridades norte-americanas anunciaram medidas de pressão que incluem bloqueio a navios petroleiros e ações militares na região caribenha. Em resposta, o governo venezuelano afirma que tais pressões violam o Direito Internacional e a soberania do país, e promete levar o caso à ONU para denunciar o que considera uma violação grave do direito internacional.
Desdobramentos econômicos e logísticos
Apesar do atrito, especialistas apontam que a Venezuela manteve exportações expressivas de petróleo, com uso de estratégias para contornar sanções, incluindo navios de bandeiras diversas ou com identidades alteradas — prática comumente referida como uso de navios‑fantasma. O governo sustenta que tais medidas são defensivas e focadas na proteção da soberania e dos recursos naturais.
O que observar nos próximos dias
Analistas enfatizam que o desenrolar dependerá de passos concretos na esfera diplomática, de progressos em negociações com a oposição e de uma postura clara da comunidade internacional sobre a soberania venezuelana. O episódio da medalha autoproclamada é visto como parte de uma estratégia mais ampla de comunicação pública em meio a uma crise que se prolonga há anos.





