“Eu estou com dificuldade, com a visão embaçada. […] Um olho eu não enxergo porque não tem mais olho, foi retirado na cirurgia. O outro, eu estou com dificuldade de visibilidade”. O relato é do adesivador de táxis Daniel Campelo, de 51 anos, um dos homens que perderam parte da visão após a repressão da PM a um protesto pacífico contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no Recife, no dia 29 de maio. As informações são do G1.
Daniel deve retornar em julho à Fundação Altino Ventura para acompanhamento médico devido ao olho e contou também que ainda sente dores nas costas, na perna e na cabeça, onde foi atingido pela bala de borracha.
“Eu não tenho condições de trabalho nenhuma. Eu não estou me sentindo bem, tenho dificuldade de me deslocar, de andar. […] De vez em quando volta, você tem pesadelo. Fogos, você se assusta”, declarou.
Nesta quarta-feira (23), Daniel e o arrumador de contêiner Jonas Correia, de 29 anos, segundo homem ferido por bala de borracha no olho, estiveram no Quartel do Derby, na região central do Recife, prestando depoimento dentro do inquérito policial militar que apura a operação do dia 29. Os dois foram ouvidos por oficiais designados da PM.
Além desse inquérito, que verifica o ocorrido do ponto de vista do Código Penal Militar, há a investigação comandada pela Polícia Civil, procedimentos no âmbito da Corregedoria de Secretaria de Defesa Social e um inquérito civil aberto pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Dezesseis policiais militares foram afastados.
No dia 14 de junho, Daniel prestou depoimento à Polícia Civil, mas ainda não fez exame no Instituto de Medicina Legal, marcado para 28 de junho. Diante de mais um depoimento, o adesivador de táxis afirmou que espera que Justiça seja feita.
“O que eu espero que Justiça seja feita. […] Nós precisamos da Polícia Militar para proteger os cidadãos de bem, não para acontecer aquilo que aconteceu. Foi um erro generalizado”, disse.