Frade de 53 anos abandona o monastério para casar com freira: como o amor redefine fé e vida religiosa na Inglaterra


A história de um frade carmelita de 53 anos que deixou a vida monástica para se casar com uma freira ganhou notoriedade por mostrar como fé, vocação e afeto podem trancar caminhos diferentes sem perder a dimensão espiritual. O casal se estabeleceu na Inglaterra, onde ele atua como vigário de uma igreja local e ela, como capelã de hospital, renovando a ideia de vocação em formatos contemporâneos. O que começou como um romance entre dois religiosos tornou-se uma experiência de recomeço, que envolve fé, serviço comunitário e uma forma de vida compartilhada fora dos muros do convento.


Do convento à vida civil: a trajetória de Lisa e Robert

Lisa Tinkler, criada em Middlesbrough, ingressou na ordem carmelita aos 21 anos, buscando uma vida de silêncio, clausura e dedicação espiritual. Robert, natural da Polônia, já vivia a vida monástica em Oxford quando o destino os aproximou durante visitas a Preston, na Inglaterra. Um esbarrão que desencadeou uma conversa levou o casal a reconhecer sentimentos que desafiaram as regras da ordem. Ao longo dos meses, as decisões se sucederam: Lisa deixou a vida monástica; pouco depois, Robert enfrentou a mesma bifurcação. O desfecho foi a união civil e o início de uma nova etapa: casados, eles passaram a dividir uma casa em North Yorkshire, com ele assumindo o papel de vigário e ela atuando como capelã de hospital.


A fé que sustenta o relacionamento

Mesmo após romperem com os votos, o casal afirma manter a fé como eixo central da vida a dois. Robert explica que a transição não foi apenas prática, mas também espiritual: abriu mão de uma identidade construída ao longo de anos, encontrando, ainda assim, um caminho para servir a comunidade sob a égide da Igreja Anglicana. Lisa, por sua vez, manteve a vocação de compaixão em atuação concreta, trabalhando como capelã e trazendo consigo a experiência de uma vida de oração, silêncio e discernimento. Eles destacam que Cristo continua no centro do casamento e que a fé permanece o fio condutor de suas decisões diárias, mesmo diante de mudanças profundas.

Impacto para comunidades religiosas e perspectivas de futuro

O relato oferece uma leitura relevante sobre como religiões tradicionais lidam com dilemas de vocação, liberdade individual e reconfiguração de papéis dentro da vida pública. Para o casal, a vida fora do monastério não significa ruptura da fé, mas uma forma de praticá-la que envolve serviço comunitário, oração compartilhada e um esforço constante de equilíbrio entre solitude interior e compromisso com o mundo. Em termos práticos, a história ressalta que fé pode evoluir sem perder a sua essência, desde que haja discernimento, respeito mútuo e uma visão comum de propósito.