Ex-gerente do necrotério de Harvard é condenado a 8 anos por vender partes de corpos doados para pesquisa


Um ex-responsável pelo necrotério ligado à escola de medicina de Harvard foi sentenciado a oito anos de prisão após admitir ter traficado partes de corpos doados para fins científicos. A condenação, anunciada em dezembro de 2025 pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, acendeu um alerta sobre segurança, transparência e respeito às famílias que confiam instituições acadêmicas com restos mortais.


Como funcionava o esquema e quais materiais foram envolvidos

Segundo as investigações, o acusado, identificado como Cedric Lodge, 58 anos, desviou e comercializou diversos fragmentos humanos entre 2018 e pelo menos março de 2020. Entre os itens mencionados pelas autoridades estavam órgãos internos, cérebros, pedaços de pele, mãos, faces e cabeças dissecadas.


Lodge e a companheira, Denise Lodge, teriam transportado materiais do campus médico próximo a Boston para a residência do casal em Goffstown, New Hampshire, e para outros locais em Massachusetts e na Pensilvânia. Partes dos restos mortais teriam sido enviadas a compradores em outros estados sem o conhecimento ou autorização dos doadores, de suas famílias ou do empregador.

Punições, revenda e desdobramentos legais

Além da prisão de oito anos imposta a Cedric, a parceira dele, Denise, 65 anos, recebeu pena de um ano de detenção. O Departamento de Justiça informou que vários compradores posteriores revenderam os materiais com fins lucrativos; alguns desses compradores já foram condenados ou aguardam julgamento.

Autoridades federais ressaltaram que a sentença busca responsabilizar os envolvidos no que classificaram como conduta criminosa e ofensiva à dignidade humana. A universidade demitiu o ex-gerente em maio de 2023, durante a apuração interna e das investigações federais.

Implicações éticas e medidas de prevenção

O caso reacende questionamentos sobre os controles em centros que recebem doações anatômicas para ensino e pesquisa. Especialistas ouvidos por autoridades afirmam que é fundamental reforçar a cadeia de custódia, os mecanismos de fiscalização e os procedimentos de auditoria para evitar desvios e garantir que a vontade dos doadores e o respeito às famílias sejam preservados.

Além das penas criminais, familiares de doadores e instituições afetadas podem buscar reparação por meios civis, e espera-se que o episódio motive revisões administrativas em universidades e centros médicos que lidam com espécimes humanos.

O episódio também levanta discussão sobre a necessidade de maior coordenação entre órgãos estaduais e federais na supervisão desses serviços, para coibir práticas ilícitas que atravessem fronteiras estaduais e mercantilizem restos humanos.