EUA afirmam não impor acordo de fim do conflito à Ucrânia em rodada de negociações em Miami com europeus, enquanto Rússia intensifica ofensiva


Em meio a uma nova rodada de diálogos destinados a encerrar o confronto com a Rússia, os EUA deixaram claro que não imporão condições a Kiev. A reunião, realizada em Miami, reúne representantes dos Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha, além do respaldo de parceiros europeus, e busca manter o canal de negociação aberto sem condições pré-definidas sobre o que deve ser aceito pela Ucrânia. O posicionamento americano foi apresentado pelo secretário de Estado, que ressaltou que não cabe aos EUA forçar concessões a Kiev nem exigir qualquer acordo de paz de Moscou.


Diálogo em Miami: aliados europeus e o foco na segurança a longo prazo

A liderança do encontro fica a cargo de Steve Witkoff e Jared Kushner, que conduzem as conversas ao lado do principal negociador ucraniano, Rustem Umerov. Participam também autoridades de Reino Unido, França e Alemanha, com a expectativa de sessões adicionais entre as delegações norte-americana e russa previstas para o fim de semana na Flórida. Mesmo com o empenho diplomático, as partes defendem que a Ucrânia deve manter controle sobre as decisões que afetam sua soberania e segurança a longo prazo.


Enquanto o diálogo ganha espaço, a ofensiva russa no território ucraniano não cede. Nesta sexta-feira, um ataque com míssil balístico na região de Odessa causou mortes e ferimentos, conforme informações do governador local, que apontou a infraestrutura portuária como alvo. O cenário no terreno contrasta com a movimentação diplomática, lembrando que a solução política ainda depende da vontade dos atores no campo de batalha.

Declarações de Putin e o peso político da diplomacia internacional

Ao comentar a atual fase do conflito, o presidente Vladimir Putin disse que o desfecho depende de Kiev e de seus parceiros ocidentais, reiterando que as forças russas avançam ao longo da linha de frente. Em outra manifestação, ele insinuou que, caso a Ucrânia organize eleições, poderia haver suspensão de lançamentos de mísseis de longo alcance e de ataques com drones durante o dia da votação, sinalizando um possível argumento político para uma eventual cessação de hostilidades sob condições específicas.

Em Bruxelas, a União Europeia informou que não pretende usar ativos russos congelados para financiar o empréstimo de 90 bilhões de euros destinados à Ucrânia, uma decisão vista como peça central de um debate sobre recursos e sanções. Putin reagiu a essa linha de financiamento com críticas à medida, chamando-a de “envolta” em ações de custo estratégico, o que alimenta o debate sobre instrumentos financeiros e suporte ao território ucraniano.

Analistas destacam que, apesar da atmosfera de diálogo, as ações no terreno e os desdobramentos políticos continuam a ditar o ritmo da crise. A coordenação entre Washington, seus aliados europeus e Kiev permanece essencial para manter a pressão diplomática sem abrir mão da segurança da Ucrânia, ao mesmo tempo em que se observa a resposta de Moscou a esse gesto de contenção por parte da comunidade internacional.