Cientistas citam evidências de que varíola do macaco não é transmitida por contato casual

Em um artigo publicado na quinta-feira (25) na revista científica The New England Journal of Medicine, dois renomados cientistas dos Estados Unidos afirmam que as evidências do surto atual de varíola do macaco (monkeypox) dão conta de que essa não é uma doença transmitida por contato casual.

O texto é assinado pelo imunologista Anthony Fauci, chefe do NIAID (Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas) e conselheiro da Casa Branca, e por H. Clifford Lane, diretor clínico e diretor adjunto de pesquisa clínica e projetos especiais do mesmo instituto.

“Acredita-se que o modo clássico de transmissão da infecção pelo vírus da varíola do macaco seja o contato direto da lesão com a pele. Até agora, há muito pouca evidência de disseminação domiciliar de qualquer forma de varíola, exceto entre os cuidadores, o que sugere que essa infecção não é transmitida por contato casual e provavelmente requer exposição prolongada ou repetida a lesões de transmissão de vírus”, afirmam.

No começo do mês, os CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos já haviam publicado uma nota em que falavam sobre o baixo risco de se infectar em contatos esporádicos, incluindo no transporte público.

Segundo a agência de saúde, “até 15 de julho de 2022 a transmissão durante interações rápidas (como uma breve conversa), entre pessoas próximas e de longa duração (como passageiros sentados perto de uma pessoa com varíola do macaco em um avião) ou durante visita a serviços médicos, não foi relatada por nenhuma pessoa com varíola do macaco”.

Os pesquisadores salientam que há diferenças significativas em relação a outras doenças, inclusive HIV/Aids, que quando surgiu estava concentrado em homens gays e bissexuais, assim como ocorre neste momento com a varíola do macaco, embora já se espalhe para outros grupos.

“No caso da Aids, o agente etiológico era desconhecido e não havia contramedidas específicas eficazes. Hoje, conhecemos a causa e temos terapias eficazes; no entanto, levou anos para chegar a esse ponto e ainda não temos uma vacina. No caso da Covid-19, rapidamente identificamos o agente etiológico; no entanto, não dispúnhamos de contramedidas eficazes. Hoje, temos diagnósticos, vacinas e terapias eficazes, após aproximadamente um ano de intensa pesquisa e desenvolvimento”, destacam.

Eles acrescentam que o vírus causador da varíola do macaco, o monkeypox, é conhecido há décadas e que já há vacinas e tratamentos.

Com informações do R7