Às vésperas da eleição, o presidente Jair Bolsonaro aumentou o número de passeios de moto — chamados por ele e por seus aliados de “motociatas” — durante o horário normal de expediente. No ano passado, a maioria desses passeios eram feitos aos fins de semana: das 13 motociatas realizadas, 10 ocorreram aos sábados ou domingos.
Agora, a situação se inverteu: as motociatas têm ocorrido principalmente em dias de semana, de manhã ou de tarde, no horário de expediente. Dos 17 passeios que ocorreram até aqui, 14 foram durante a semana e apenas três em fins de semana ou feriados.
Nesses passeios, Bolsonaro costuma aparecer com aliados que serão candidatos. Na semana passada, por exemplo, esteve com o ex-ministro João Roma em duas motociatas na Bahia. Roma pretende concorrer ao governo estadual. O presidente também já foi acompanhando em passeios pelo também ex-ministro Tarcisio Gomes de Freitas e pelo deputado federal Vitor Hugo (PL-GO), pré-candidatos ao governo de São Paulo e Goiás, respectivamente.
Além disso, as imagens são utilizadas para argumentar que o presidente tem apoio popular e para questionar as pesquisas de intenção de voto, nas quais Bolsonaro aparece em segundo lugar. No sábado, por exemplo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) compartilhou uma publicação que usava a motociata realizada em Salvador como argumento para afirmar que o presidente vai ganhar a eleição no primeiro turno.
Neste ano, Bolsonaro já realizou motociatas 10 estados, além de uma no exterior (em Orlando, nos Estados Unidos). Já houve quatro passeios diferentes em São Paulo, três na Bahia e dois em Goiás, além de outras em Alagoas, Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Questionamento sobre uso eleitoral
Essas motociatas têm sido apontadas por partidos de oposição como campanha antecipada de Bolsonaro. Entretanto, no início de junho o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou duas ações propostas pelo PT contra passeios e carreatas do presidente Jair Bolsonaro nas cidades de Cuiabá e Rio Verde (GO).
Segundo fontes ligadas à campanha, o entendimento da Advocacia-Geral da União (AGU) é que as motociatas não ferem a legislação eleitoral, porque se igualam a qualquer outro evento. Por isso, consideram que não há impedimento de continuar realizando os passeios durante o mês de julho, quando as regras ficam mais rígidas. Também existe a avaliação de que, como Bolsonaro já realiza esse tipo de ato desde o ano passado, não pode ser acusado de estar fazendo campanha.
Procurada para comentar o caso, a AGU não respondeu.
As informações são do IG