
O Natal é amplamente celebrado no Brasil, mas há comunidades cristãs que optam por não marcar a data por motivos teológicos, históricos e culturais. A questão não é recente: especialistas apontam que os evangelhos não fixam o dia do nascimento de Jesus e que a data de 25 de dezembro foi consolidada ao longo de séculos, incorporando tradições de festivais pagãos. Esse conjunto de interpretações explica por que algumas igrejas optam por não celebrar ou adotam formas diferentes de vivenciar a data.
Origens históricas, datas e o que a Bíblia aponta
Embora o nascimento de Jesus seja central para a fé cristã, os relatos bíblicos não indicam um dia específico nem descrevem uma festa de Natal nos textos canônicos. A celebração de 25 de dezembro ganhou força no mundo romano apenas no século IV, associando-se ao solstício de inverno e a práticas festivas pré-cristãs. Ao longo do tempo, essa data foi sendo entrelaçada com símbolos cristãos, resultando em uma festa que mistura elementos históricos, culturais e religiosos.
Quem não celebra e por que
Entre as comunidades que não costumam celebrar, há grupos que veem o nascimento como menos relevante para a salvação do que a morte e a ressurreição de Jesus. Em especial, as Testemunhas de Jeová mantêm uma posição de não observância, argumentando que Jesus mandou lembrar de sua morte e não do seu nascimento, e ressaltando a origem não cristã da festa em algumas de suas bases bíblicas e históricas. Para esse grupo, a celebração seria fruto de costumes pagãos que foram incorporados ao cristianismo ao longo do tempo.
Variações entre Adventistas, evangélicos e outras tradições
Entre os Adventistas do Sétimo Dia, não há uma posição única: algumas comunidades celebram o Natal, outras não, e a decisão pode depender de cada igreja local. Grupos evangélicos mais conservadores costumam enxergar a celebração como suscetível a uma leitura comercial e secular que desvia o foco da fé, levando alguns fiéis a evitar a prática. Já nas tradições ortodoxas que seguem calendários diferentes, as datas de comemoração podem cair em 6 ou 7 de janeiro, refletindo distintos sistemas de calendário.
Casos atípicos: os mórmons e outras leituras
Um caso peculiar aparece na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que afirma uma data de nascimento específica para o fundador, diferente da prática comum de Natal. Ainda assim, a celebração do dia natalino ocorre em muitos lugares por meio da tradição missionária que busca ressignificar festas pagãs. Essa diversidade mostra que a festividade não é apenas uma doutrina, mas uma prática histórica moldada por calendários, culturas e comunidades religiosas ao redor do mundo.
Conclusão: Natal como expressão de fé, cultura e escolha comunitária
No fim, cada comunidade interpreta o papel do Natal à luz de sua tradição e convicção. Para muitos cristãos, a fé permanece centrada na vida, morte e ressurreição de Jesus, independentemente da data. Para outros, a forma de celebrar — ou de evitar a celebração — envolve críticas à comercialização, escolhas litúrgicas ou a adoção de datas distintas, sempre como expressão de identidade religiosa e de discernimento doutrinário.





