
A crise financeira dos Correios reacende o debate sobre o papel do Estado na prestação do serviço postal. Nesta quinta-feira (18), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a empresa deve permanecer sob controle público, mas pode abrir portas para parcerias com órgãos públicos e empresas privadas para aumentar as receitas. A rede de atendimento, presente em praticamente todos os municípios, é vista como plataforma para desenvolver novos negócios, incluindo a oferta de serviços financeiros em parceria com instituições como a Caixa Econômica Federal, com serviços como seguros e previdência sendo mencionados. Qualquer empréstimo ao órgão continua condicionado ao aval do Tesouro e a propostas com juros altos foram descartadas, de acordo com o governo.
Panorama financeiro e possibilidades de parceria
Os números evidenciam a urgência de uma reorganização: o prejuízo da estatal passou de 633 milhões de reais em 2023 para 2,6 bilhões em 2024. Entre janeiro e setembro de 2025, o déficit acumulado já soma mais de 6 bilhões, com a projeção de terminar o ano entre 8 e 10 bilhões negativos. Em meio a esse cenário, houve a tentativa de obter empréstimo de até 20 bilhões; o Tesouro informou que não garantirá operações com juros superiores a 120% do CDI. Haddad destacou que a compreensão fiel da situação só surgiu após a troca da diretoria, em setembro, e que há uma equipe dedicada a estruturar um plano de recuperação e um cronograma de decisões.
Posicionamento de Lula e cenários institucionais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar que não privatizará os Correios, embora reconheça a possibilidade de parcerias e de um modelo de economia mista, similar ao adotado pela Petrobras, com o governo mantendo o controle acionário. Lula atribuiu parte das dificuldades a gestões anteriores e ressaltou que já houve mudanças na direção para enfrentar a crise. Discussões sobre um eventual socorro financeiro podem envolver empréstimos com garantia do Tesouro ou aportes diretos, sempre com cautela fiscal.
Desafios contábeis e outros investimentos públicos
Haddad apontou ainda para a confusão entre investimentos e gastos no balanço das estatais, já que aportes para investimentos costumam ser registrados como despesas. Entre os investimentos considerados prioritários está o Serpro, responsável por um sistema de monitoramento de tributos em tempo real após a reforma tributária, cuja implementação exige cerca de 2 bilhões de reais. O objetivo é viabilizar a reforma tributária com um sistema robusto de processamento de dados. O ministro também citou o caso da Eletronuclear, cuja participação acionária foi vendida pela Eletrobras ao grupo J&F, lembrando as controvérsias que cercaram esse processo. Haddad afirmou que, nas próximas semanas, será apresentada uma solução estrutural para a estatal.
Com informações da Agência Brasil.





