
Novos detalhes da prisão de Luigi Mangione em McDonald’s: vídeos, identidade falsa, mochila com arma e as sobrancelhas que o denunciaram
Promotores exibiram dezenas de vídeos e ouviram testemunhas do dia da prisão em Altoona (Pensilvânia) enquanto a defesa contesta a admissão de provas colhidas sem mandado
A audiência preliminar de Luigi Mangione, acusado do assassinato do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, trouxe à tona novas imagens e depoimentos sobre o dia em que ele foi detido em um McDonald’s na cidade de Altoona, Pensilvânia. Promotores e advogados de defesa apresentaram e discutiram em juízo vídeos de câmeras corporais, anotações encontradas com o suspeito e o teor dos itens recolhidos na mochila dele no momento da prisão.
Como ocorreu a prisão no McDonald’s
Os vídeos exibidos no tribunal mostram o desenrolar da abordagem policial em 9 de dezembro, poucos dias após o crime que chocou Nova York. Conforme relatos apresentados, um cliente do restaurante ligou ao serviço de emergência ao encarar um frequentador que, embora muito vestido e de máscara, tinha sobrancelhas consideradas marcantes — detalhe que chamou a atenção do atendente.
Quando policiais chegaram ao local, identificaram semelhança entre o homem e as imagens divulgadas pelo Departamento de Polícia de Nova York. Em gravações de áudio e vídeo, é possível ouvir agentes comentando surpresa por encontrar o suposto atirador em um McDonald’s de uma cidade pequena: “parecia absurdo”, disse o tenente William Hanelly, conforme transcrito em juízo.
Em um dos registros, enquanto músicas natalinas tocam no ambiente, Mangione está sentado fazendo uma refeição e é abordado por agentes que pedem para ele abaixar a máscara. Ele se identifica inicialmente como “Mark Rosario” e entrega uma carteira de identidade de New Jersey que a polícia afirmou ser falsa — fato que serviu de base para efetuar a prisão, segundo os promotores.
As sobrancelhas e os bilhetes que chamaram atenção
Durante a audiência, promotores enfatizaram que as sobrancelhas foram citadas repetidas vezes por testemunhas do McDonald’s como o único traço visível que permitiu a identificação. Além disso, entre os itens apresentados como evidência estavam cartões com anotações atribuídas a Mangione. Um dos papeis dizia: “Troque de chapéu, sapatos, depile as sobrancelhas” — instrução que, para os promotores, reforça a tentativa de ocultação de identidade.
Outro bilhete continha frases que os advogados de acusação interpretam como planejamento ou orientação para evitar a investigação: “Mantenha o ritmo, FBI mais lento durante a noite”, conforme exibido em juízo.
O que havia na mochila: arma, balas, diário e dinheiro
As imagens e os depoimentos também detalharam o conteúdo da mochila que Mangione carregava quando foi abordado. Entre os itens mostrados aos jurados estão uma pistola 9 mm, um carregador com munição compatível, um silenciador, dezenas de notas de 100 dólares, máscaras faciais, uma máquina de cortar cabelo e passaporte. A polícia também encontrou um caderno — que um dos agentes descreveu como parecendo um “manifesto” — e vídeos captaram o momento em que o diário foi retirado.
A defesa pediu a exclusão da pistola e do caderno do processo, alegando que a revista da mochila foi feita sem mandado judicial. Em audiência, a policial que revistou o material disse que “revistamos todos”, enquanto o tenente Hanelly sustentou que havia exceções que autorizariam buscas sem mandado em certas circunstâncias. Os advogados da defesa também questionaram se a revista foi motivada unicamente pela hipótese de tratar-se do atirador de Nova York.
Reação de Mangione na audiência e próximos passos
No tribunal criminal de Manhattan, Mangione assistiu em silêncio à exibição dos vídeos, sentando-se ao lado de seus advogados — Karen Friedman Agnifilo e Marc Agnifilo — e por vezes anotando. A sala frequentemente teve apoiadores do acusado nas últimas fileiras, alguns usando broches que o retratam como figura religiosa.
A audiência preliminar segue concentrada em definir que provas poderão constar no futuro julgamento estadual e nas acusações federais, que incluem a possibilidade de pena de morte. Os promotores afirmaram que ainda têm testemunhas do dia da prisão a serem ouvidas, entre funcionários do McDonald’s e policiais que participaram da abordagem.
A defesa busca limitar o uso de determinadas evidências, o que pode afetar a linha de acusação. Não há data definida para o julgamento substantivo do caso; a audiência preliminar deve continuar na semana seguinte, com novas exibições de vídeo e depoimentos.
As informações aqui relatadas foram apresentadas em audiência e divulgadas por promotores e fontes policiais durante os procedimentos, conforme cobertura das exibições de provas e depoimentos.





