Movimentos Populares, instituições cristãs e de Matriz Africana, organizam a “1ª Marcha para Èṣù em Manaus – Exú Não é Satanás”, confirmado para acontecer neste sábado (30), com concentração na Praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia), avenida Sete de Setembro, com destino final na Praça do Congresso, ambas no Centro da capital amazonense, Zona Sul da cidade. A programação gratuita inicia às 14h, com saída às 15h, e tem previsão de término às 21h.
Com o tema “Exú não é satanás”, o movimento faz parte do processo de ressignificação do culto ao orixá – divindade das religiões de matriz africana – que foi estigmatizado na representação do “Diabo” na religião judaico-cristã.
Para as religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé, Exú não tem relação com o mal e nem com o que as culturas hebraica, cristã e muçulmana chamam de Diabo, Belzebu, Satanás, Baphomet ou Lúcifer, afirma Xɛ́byosɔnɔ̀ Ọba Méjì Alberto Jorge Silva, Coordenador Geral da ARATRAMA – Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana – e idealizador da Marcha em Manaus.
“O trabalho de desmistificação da ideia de que “Exú não é satanás”, começou na Nigéria e hoje vem ganhando as cidades do Brasil. A demonização de Exú nasceu juntamente com o processo da cristianização, nos anos de 350, onde foi adotado o conceito de que, tudo que não era cristão, era pagão, logo era do Diabo. O resultado disso é a intolerância e o preconceito que sofremos até os dias de hoje, em pleno século XXI”, acrescenta Xɛ́byosɔnɔ̀ Ọba Méjì Alberto Jorge.
O evento é organizado pela Associação de Desenvolvimento Sócio Cultural Toy Badé, juntamente com a ARATRAMA, tendo os movimentos populares como entidades parceiras, a exemplo da Central de Movimentos Populares no Amazonas, sob a coordenação de Rodrigo Furtado, Coordenador Geral no Estado da Central de Movimentos Populares no Amazonas.
“Os populares, a sociedade como um todo, poderão se utilizar do espaço e oportunidade do ato, para realizarem suas intervenções políticas contra a intolerância religiosa. É um momento importante para demonstrarmos nossa união. Uma demonstração efetiva de que é possível uma convivência harmoniosa e fraterna entre pessoas e instituições de profissões de fé diferentes.
Que Aviɛ Vòdún / Ọlọ́run Dotɛ́, Javé, Jeová, Alá, Tupã nos abençoe nessa ação cultural e religiosa.”, acrescenta Rodrigo.
Ainda de acordo com ele, o evento é aberto a todo o público. Não só para os adeptos das religiões de matriz africana, mas aos simpatizantes e militantes da causa contra a intolerância.
A programação conta com música, dança, manifestação popular, apresentação de maracatu, maculelê, capoeira e samba de roda. Será dado destaque às pessoas que forem vestidas a caráter.