O último dia 15 de junho, o Facebook, empresa detentora do Whatsapp, anunciou que o Brasil seria o primeiro país do mundo a contar com uma função de pagamentos dentro do aplicativo de conversas. No mesmo dia, os testes iniciaram, mas a função logo foi proibida pelo Banco Central e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por falta de regulamentação. Semanas depois, o Cade já liberou a plataforma e resta apenas o aval do Banco Central para que o serviço comece a operar.
A funcionalidade faz parte dos planos do Facebook de monetizar o Whatsapp. Com a proximidade da liberação, varejistas e economistas já começam a imaginar o impacto que a medida trará ao comércio brasileiro. O Whatsapp é, há anos, o aplicativo mais usado no país, se colocando como uma opção mais acessível para que os lojistas e vendedores informais recebam pagamentos por seus serviços.
A função chega no momento em que as compras online e os pagamentos digitais estão em alta no Brasil, muito impulsionados pela pandemia da Covid-19 e pelo isolamento social. Para boa parte dos varejistas, as vendas pela internet estão sendo a única saída para a crise e, para os consumidores, é a opção mais segura diante dos perigos de sair de casa.
Uma das mudanças que o Whatsapp trará às negociações é a forma de pagamento. A maioria das compras pela internet ainda exige pagamentos no crédito, por ser uma modalidade mais garantida nas transações online. No Whatsapp, a modalidade principal será o débito. Esta alteração poderá incluir no mundo das negociações virtuais milhões de brasileiros que não possuem cartão de crédito.
A principal alternativa ao cartão de crédito era o boleto bancário. Porém, atualmente, as pessoas estão comprando mais produtos básicos pela internet – como compras de mercado e farmácia.
Nestes casos, o boleto não é tão eficaz, já que estes são, por vezes, produtos de urgência, e o pagamento nesta modalidade pode demorar alguns dias para ser aprovado.
Os pequenos negócios também serão potencialmente beneficiados. Criar uma loja virtual, com um sistema de pagamentos integrado, ainda é muito caro para a realidade de muitos pequenos empreendedores. Por isso, muitos já estavam apelando para as redes sociais e o Whatsapp para divulgar seus produtos e realizar negociações. Porém, ainda era necessário mais um processo para receber o pagamento – transferência bancária, depósito ou recebimento na entrega, o que também atrasava as negociações.
O serviço também diminui a importância de ter uma máquina de cartão para os pequenos negócios, o que baixa os custos operacionais das empresas. O Whatsapp, por ser um aplicativo leve, funciona em qualquer smartphone, até os mais baratos, tornando o recebimento digital mais acessível aos micro e pequenos empreendedores.
Por questões de segurança e higiene, os pagamentos digitais já estavam caindo no gosto dos brasileiros. Por isso, esta tendência, unida à força e popularidade do Whatsapp, tem potencial para transformar o varejo nacional.
