O YouTube retirou do ar, neste domingo (16), a entrevista do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) a um podcast comandado por canais esportivos em que ele fala que “pintou um clima” durante a visita a um grupo de meninas venezuelanas no Distrito Federal.
Segundo o YouTube, o motivo para a remoção foi a violação de políticas de conteúdo ligadas à Covid-19.
Nessa mesma entrevista, Bolsonaro fez afirmações infundadas sobre o impacto da doença em crianças. Segundo ele, as crianças não sofrem com o vírus e não houve registros de mortes envolvendo esse público.
“A molecada não sofre com vírus. Você não viu moleque morrendo de vírus por aí. O que aconteceu: o moleque teve traumatismo craniano, caiu de bicicleta. Botavam em um leito UTI Covid, porque ele recebia por dia meu R$ 2 mil. Botou lá, se o cara morreu de traumatismo, tinha que botar Covid”, disse.
Apesar da fala de Bolsonaro, a Covid-19 matou 539 crianças de 6 meses até 3 anos entre 2020 e 2021. Em uma década, foram registradas apenas 144 mortes em razão de outras doenças letais preveníveis por vacinas nesta mesma faixa etária.
Em nota, o YouTube afirmou que “todos os conteúdos” na plataforma “devem estar de acordo com nossas Diretrizes de Comunidade, que não permitem, por exemplo, informações incorretas sobre a Covid-19”.
“Confirmamos a remoção do vídeo “BATE-BOLA COM O PRESIDENTE! ENTREVISTA EXCLUSIVA DE JAIR MESSIAS BOLSONARO COM YOUTUBERS DE CLUBES!” do canal Paparazzo Rubro-Negro por violar essas regras, especificamente por conter declarações de que grupos específicos de pessoas não morreram ou ficaram doentes por causa da Covid-19″, diz a nota.
A plataforma afirmou ainda que “reuploads do mesmo conteúdo também serão removidos” e que já removeu “mais de um milhão de vídeos que promoviam informações médicas incorretas sobre a Covid-19”.
A entrevista ao podcast foi publicada na sexta-feira (14) e gerou repercussão nas redes sociais em razão da declaração dele sobre as venezuelanas. Na live (veja no vídeo abaixo), Bolsonaro contou como foi o encontro com as meninas:
“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto […] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas… Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, afirmou.
As informações são do G1.