Venezuelanos que chegam por Roraima temem conflito entre EUA e Venezuela, mas prioridade é garantir comida, emprego e educação

Venezuelanos que chegam por Roraima temem conflito entre EUA e Venezuela, mas prioridade é garantir comida, emprego e educação

Migrantes relatam insegurança diante da tensão internacional, mas destacam a crise econômica como motivo central da saída

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Enquanto Estados Unidos e Venezuela vivem um período de fortes atritos diplomáticos e militares, migrantes venezuelanos que cruzam a fronteira pelo município de Pacaraima (RR) dizem temer um confronto, mas repetem que a principal preocupação é a sobrevivência no dia a dia: conseguir alimento, trabalho e acesso à educação.

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Mudança de prioridades: da guerra à fome cotidiana

Ao visitar a fronteira, repórteres do g1 ouviram relatos de venezuelanos recém-chegados que descrevem um cenário em que o receio de um conflito internacional convive com problemas imediatos. 'Já existe uma guerra psicológica para conseguir o pão de cada dia', afirmou Davi Gonzales, 23 anos, que vive há cinco anos em Florianópolis e voltou brevemente à Venezuela antes de retornar ao Brasil.

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Davi contou que escuta notícias e comentários sobre a tensão com os Estados Unidos, mas que, na prática, seu foco é voltar ao trabalho no frigorífico e manter a família. 'Temos que nos preocupar com que está acontecendo agora, nesse momento. A vida tá muito difícil', disse.

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Perfis e fluxo na fronteira

Dados da Plataforma de Coordenação Interagencial para Refugiados e Migrantes da Venezuela (ONU) mostram mudanças no perfil de quem entra por Pacaraima: entre agosto e outubro houve aumento de servidores públicos, homens que viajam sozinhos e indígenas. O período coincide com as eleições municipais na Venezuela e com o início das tensões entre Caracas e Washington.

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O g1 obteve com exclusividade um e-mail da plataforma enviado a organizações que atuam na migração, no qual se afirma que o aumento pode estar 'ligado às tensões militares atuais entre os Estados Unidos e a Venezuela' e que 'os perfis observados incluem indivíduos que fogem de perseguição e recrutamento forçado'.

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Desde 2015, Roraima se tornou a principal porta de entrada de venezuelanos no Brasil: mais de 1 milhão de pessoas já cruzaram a fronteira e mais da metade permaneceu no país, segundo a reportagem. Só em 2025, mais de 96 mil migrantes entraram no Brasil por Roraima, de acordo com a ONU.

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Ao mesmo tempo, há sinais de menor retorno à Venezuela: entre setembro de 2022 e setembro de 2025, o número de migrantes que retornaram caiu 17,5%.

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Medo do conflito e consequências para civis

Alguns migrantes relatam temor real de que a tensão entre os governos evolua para um confronto mais amplo. A cozinheira Roxana Ampara, 28 anos, chegou ao Brasil com os dois filhos e disse sentir nos dias a dia um clima de incerteza e receio. 'Sim, eu tenho medo... medo de acontecer uma guerra. Até uma terceira guerra mundial. Isso assusta muito', afirmou.

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O técnico Rennie Castillo, 42 anos, disse que, se houver crise entre os países, 'quem paga é o inocente', referindo-se às pessoas mais vulneráveis. O ex-policial Olman da Silva, 36 anos, ressaltou que, além do receio gerado pela tensão internacional, a censura e a dificuldade para falar sobre política também pesam na decisão de sair do país.

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Relatos como o de Olman destacam que críticas ao governo podem gerar consequências concretas, incluindo dificuldades para garantir acesso a alimentos. Muitos, porém, enfatizam que a escolha de migrar é motivada sobretudo pela exaustão de viver sem salário suficiente e sem perspectivas.

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Contexto diplomático e limites do medo

O quadro internacional contribui para a apreensão: a reportagem lembra que o presidente norte-americano, Donald Trump, enviou navios e militares a operações perto da costa venezuelana com o objetivo declarado de combater o narcotráfico, além de oferecer recompensa por líderes do governo de Nicolás Maduro. Em resposta, a Venezuela denunciou ameaças à sua soberania e decretou estado de exceção diante da possibilidade de ataque.

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Ainda assim, especialistas e fontes consultadas pela reportagem apontam que não há uma guerra declarada entre os dois países. O cenário atual envolve movimentações militares, sanções, acusações mútuas e incertezas políticas, elementos que alimentam o medo entre a população, mas que, para muitos migrantes, ficam em segundo plano diante das necessidades básicas.

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Na prática, dizem os entrevistados em Pacaraima, a prioridade permanece em encontrar trabalho, garantir comida e oferecer oportunidades aos filhos. 'A intriga sempre surge: o que vai acontecer amanhã? O que vai vir depois? É difícil deixar sua terra. Só vem quem realmente não tem outra saída', resumiu Olman.

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O movimento na fronteira apresenta variações sazonais: em dezembro, o fluxo costuma diminuir em relação a períodos de pico. Ainda assim, o balanço anual e os depoimentos captados na fronteira confirmam que a migração motivada por crise econômica e insegurança cotidiana segue sendo a razão central da busca por abrigo no Brasil.

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Leia mais sobre a situação na região no g1 Roraima.

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