Questionado por um repórter na Casa Branca, o presidente Donald Trump afirmou que as ações dos Estados Unidos contra a Venezuela não se limitarão a ataques marítimos. "Não são apenas ataques na Venezuela, são ataques a pessoas horríveis que estão trazendo drogas e matando o nosso povo", disse ele, acrescentando que os ataques "vão começar por terra muito em breve".
Trump voltou a repetir acusações já usadas em sua campanha, afirmando que Caracas teria enviado criminosos intencionalmente aos EUA sob a forma de imigrantes. O presidente também declarou ter reduzido em 92% a entrada de drogas pelo mar desde o início das operações americanas na região, que incluem abates de embarcações considerados suspeitas por Washington.
Em um episódio inédito nas operações, forças americanas interceptaram e apreenderam na quarta-feira (10) um navio petroleiro venezuelano no mar do Caribe. Imagens divulgadas mostram soldados dos EUA entrando na embarcação. Segundo a administração Trump, o navio será levado para os Estados Unidos e o petróleo a bordo apreendido.
Até então, a campanha militar norte-americana concentrava-se em atacar pequenas embarcações que, segundo Washington, transportavam drogas rumo aos EUA. A tomada de um petroleiro, ativo estratégico para a economia venezuelana, suscitou dúvidas sobre a natureza e o alcance das operações — e se o episódio poderia ser interpretado como um ato de guerra.
O episódio ocorre em meio a um considerável reforço militar dos EUA no Caribe, com envio de um porta-aviões, caças e dezenas de milhares de soldados, segundo a Casa Branca. O governo americano afirma que a mobilização tem como objetivo combater o tráfico de drogas na região.
O presidente Nicolás Maduro reagiu à apreensão afirmando que a Venezuela "defenderá sua soberania, seus recursos naturais e sua dignidade nacional com absoluta determinação" e anunciou que levará o caso aos organismos internacionais. Autoridades venezuelanas e aliados do país vêm denunciando que a manobra americana busca, em última instância, a queda do regime chavista.
Desde outubro, os Estados Unidos têm realizado ataques a embarcações no Mar do Caribe e no Pacífico, próximas às costas da Venezuela e da Colômbia. Na quinta-feira (11), Trump fez sua primeira menção direta a bombardeios a alvos terrestres, e, no dia anterior, não descartou uma possível invasão do território venezuelano.
Especialistas e governos consultados por observadores internacionais alertam que ações que atinjam embarcações ou instalações econômicas de um Estado podem elevar o risco de confronto e de questionamentos nas esferas do direito internacional. A apreensão do petroleiro em particular coloca em foco a vulnerabilidade dos ativos econômicos venezuelanos e as potenciais consequências diplomáticas e econômicas de uma escalada.
Enquanto Washington sustenta que suas operações visam sobretudo frear o fluxo de drogas rumo aos EUA, a retórica e os movimentos militares suscitam apreensão na comunidade internacional sobre a possibilidade de ampliação das hostilidades e sobre o impacto humanitário e regional de uma eventual intervenção terrestre.
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