Segundo o colunista Álvaro Gribel, do Estadão, o texto do senador do Amazonas favorece o setor de gás e beneficia empresários como Carlos Suarez e os irmãos Batista.
O relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM) sobre a Medida Provisória 1.304/2025, que trata da reestruturação do setor elétrico, tem gerado forte repercussão em Brasília e preocupação entre especialistas. Isso porque, segundo o colunista Álvaro Gribel, do jornal O Estado de S. Paulo, o texto apresentado por Braga pode resultar em aumento da conta de luz para os consumidores brasileiros.
Gribel classificou o relatório como uma vitória dos “lobistas do carvão e do gás”, destacando que as alterações feitas pelo senador transferem custos para o bolso do consumidor e beneficiam grandes grupos empresariais ligados ao setor energético.
Apresentado no Senado em 28 de outubro, o relatório do parlamentar amazonense modifica pontos cruciais da MP 1.304.Entre as principais mudanças estão:
A redução da obrigatoriedade de contratação de térmicas de 8 mil MW para 4,25 mil MW;
A manutenção de incentivos ao gás natural;
E a previsão de novas linhas de financiamento e expansão de gasodutos.
De acordo com analistas do setor, essas medidas podem aumentar os custos de geração e transporte de energia, o que, inevitavelmente, se refletiria na tarifa paga pelos consumidores.
O texto, que originalmente deveria tratar apenas da renovação de concessões do setor elétrico, acabou se transformando em um pacote de incentivos ao gás natural — um segmento dominado por grandes empresários como Carlos Suarez, conhecido como o “rei do gás”, e os irmãos Batista, da holding J&F, controladora da Âmbar Energia.
Esses grupos, segundo especialistas, seriam os principais beneficiados pelas alterações incluídas por Braga, já que a MP amplia o espaço de atuação de empresas ligadas ao gás e ao carvão, reduzindo a concorrência e comprometendo a modicidade tarifária, princípio que visa manter a energia acessível para todos.
Embora Eduardo Braga e Carlos Suarez não tenham vínculos formais, a sintonia de interesses chama atenção. Suarez é o principal acionista privado da Cigás, distribuidora de gás que domina o mercado no Amazonas e mantém investimentos em termelétricas e gasodutos.Braga, por sua vez, é um dos maiores defensores da ampliação do uso do gás natural na matriz energética brasileira — uma pauta que, segundo críticos, tem beneficiado mais empresários do que consumidores.
Fontes do setor afirmam que a convergência de interesses entre o relator e o empresário vem sendo observada há anos, levantando questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse e impactos para o consumidor amazonense, que já enfrenta tarifas de energia entre as mais altas do país.
Segundo o Estadão, a redação final da MP pode gerar um efeito cascata nas contas de luz, criando novos subsídios e incentivos para empresas de gás e carvão.Na prática, isso significa que poucos empresários lucrariam mais, enquanto milhões de brasileiros veriam a fatura de energia subir.
Braga, por sua vez, defende que o relatório faz parte de um “projeto de modernização energética” e nega favorecimento a grupos específicos. No entanto, especialistas do setor elétrico alertam: quanto mais generoso o Congresso for com o setor de gás, mais pesada tende a ser a conta de luz do brasileiro.
O tema é particularmente sensível no Amazonas, onde o custo de energia já é elevado e o uso de termelétricas movidas a gás natural é essencial para o abastecimento. Caso o relatório avance como está, os impactos podem ser ainda maiores para os consumidores locais, tanto residenciais quanto empresariais.
A discussão sobre o setor elétrico segue no Congresso, e o texto de Braga ainda pode sofrer alterações antes da votação final.Enquanto isso, especialistas pedem transparência e cautela: modernizar o setor é importante, mas não à custa do bolso do consumidor.
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