Uma operação de resgate organizada por um grupo americano retirou da Venezuela a líder da oposição María Corina Machado e a levou até Oslo para receber o Prêmio Nobel da Paz, segundo relatos do fundador da organização que assumiu a missão à BBC e confirmação de um representante da equipe da política à CBS News. A missão foi batizada de "Operação Dinamite Dourada" e envolveu disfarces, viagens por mar em condições adversas e uma transferência aérea.
De acordo com Bryan Stern, fundador da Fundação Grey Bull Rescue e veterano das forças especiais dos Estados Unidos, a operação ocorreu em poucos dias: o contato inicial aconteceu na sexta-feira, a saída ocorreu no domingo e a missão foi concluída até terça-feira. Stern afirmou que a equipe transportou Machado por terra até um ponto de embarque, de onde ela seguiu em uma pequena embarcação até um barco maior, que a levou ao litoral. De lá, ela embarcou em um avião rumo a Oslo.
O trajeto marítimo foi descrito como perigoso: viagem em "total escuridão", com ondas de até três metros, chuva e frio. Stern disse que a equipe usou lanternas para comunicação e aproveitou as condições de mar agitado para dificultar possíveis rastreamentos. Segundo ele, Machado manteve a postura durante todo o percurso e não reclamou, apesar de ter ficado molhada e com frio.
Stern relatou que a equipe tomou medidas para ocultar o rosto e o perfil digital de Machado, citando a "ameaça biométrica" e a necessidade de impedir rastreamento por telefone celular. Identidades de venezuelanos que ajudaram na operação teriam sido preservadas e parte das ações foi mantida em sigilo para proteger pessoas envolvidas.
A Grey Bull Rescue se descreve como especializada em resgates e evacuações em áreas de conflito e desastres. Stern afirmou que sua organização vinha consolidando presença no Caribe — incluindo Venezuela e Aruba — com infraestrutura projetada para retirar americanos, aliados e outras pessoas caso houvesse uma escalada militar ou uma guerra no país.
Ele informou que a operação foi financiada por doadores privados e não pelo governo dos Estados Unidos, apesar de ter havido contatos "informais" com autoridades americanas e coordenação com alguns Estados e serviços diplomáticos e de inteligência. Stern também citou a movimentação de uma grande força naval dos EUA no Caribe em operações contra embarcações ligadas ao tráfico, como contexto regional que elevou especulações sobre uma possível ação militar.
Segundo Stern, o objetivo específico desta missão era garantir que María Corina Machado chegasse a Oslo para receber o Prêmio Nobel da Paz. Machado, figura central da oposição venezuelana, vivia em reclusão no país desde as eleições controversas do ano anterior e não aparecia em público desde janeiro. Ela não via os filhos adultos havia dois anos; familiares estavam em Oslo para recebê‑la.
O nome "Dinamite Dourada" faz referência a Alfred Nobel e à natureza simbólica da viagem para que Machado recebesse o Nobel. Stern disse acreditar que alguns colaboradores usados na operação nem sabiam a extensão do que estavam ajudando, enquanto outros participaram com informação parcial.
O fundador da Grey Bull afirmou ter aconselhado Machado a não retornar à Venezuela, por motivos de segurança, mas reconheceu que a líder pode decidir voltar. Machado declarou a intenção de regressar ao país, segundo relatos, e permanece uma figura popular entre setores da oposição venezuelana.
As informações sobre a operação, suas motivações e o papel de diferentes atores foram prestadas por Stern e por representantes ligados à equipe de Machado às organizações de imprensa citadas. Autoridades venezuelanas e diplomáticas não foram ou não se manifestaram de forma ampla sobre os detalhes divulgados pela Grey Bull Rescue.
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