Na tentativa de jogar luz sobre os gastos com publicidade da Prefeitura de Manaus, o portal Real Time 1 publicou uma matéria que detalha o pagamento de R$ 6,47 milhões a blogs, sites e portais entre os dias 14 de fevereiro e 1º de abril de 2025, conforme dados do Portal da Transparência. O levantamento inclui 165 contratos com veículos de comunicação, muitos deles com audiência praticamente nula, redes sociais abandonadas e influência digital questionável.
A denúncia gerou reação imediata da Secretaria Municipal de Comunicação (SEMCOM), que acusou o portal de publicar informações falsas e sugeriu até a prática de fake news, crime previsto em lei. O que a gestão não esperava era que a resposta viria com firmeza e provas concretas: vídeos, gravações de tela, e a planilha completa com os dados coletados diretamente do site oficial da própria Prefeitura.
Em vídeo publicado pelo Real Time 1, a jornalista responsável pela apuração desmonta, ponto a ponto, a nota da SEMCOM. Ela mostra que o levantamento foi feito a partir de consultas diretas no Portal da Transparência, ferramenta pública de acesso aos dados financeiros da administração municipal.
https://www.youtube.com/watch?v=I7cH8mqbrOw&ab_channel=RT1Play
Para obter os valores, foi necessário mapear agências terceirizadas que repassam os recursos aos veículos — um processo complexo que exigiu mais de uma semana de apuração e análise manual de cada contrato e liquidação.
“É importante lembrar que transparência não é um favor, é obrigação legal. E quem levantou essa planilha fomos nós, justamente porque a Prefeitura não entrega os dados de forma clara”, destacou a jornalista.
A investigação não se concentra em quem ganhou mais ou menos, mas na ausência de critérios técnicos objetivos para a escolha dos veículos pagos. O raciocínio é simples: se a Prefeitura quer divulgar campanhas públicas com verba do contribuinte, é esperado que os canais escolhidos tenham alcance real e capacidade de atingir a população.
Entre os maiores beneficiados aparecem:
Portal Banzeiro News — R$ 377 mil
Diversos blogs menores, com valores variando entre R$ 10 mil e R$ 20 mil por campanhas de poucos dias
Alguns portais receberam por campanhas como “Educação Presente”, “Maio Laranja” e “Combate à Sífilis”, veiculadas por três a cinco dias apenas, com valores que ultrapassam os R$ 23 mil.
A jornalista ainda relembra que desde 2021 o portal Real Time 1 tenta, via Lei de Acesso à Informação, obter uma relação clara dos gastos da SEMCOM com mídia paga, mas a resposta da Prefeitura foi evasiva ou inexistente. Só com trabalho próprio — e até contratação de profissionais para análise técnica — foi possível montar a planilha divulgada.
Apesar da ameaça pública feita pela SEMCOM, que acusou o portal de contribuir com desinformação, o Real Time 1 mostrou que todas as informações divulgadas foram retiradas do próprio sistema da Prefeitura, inclusive com vídeos que provam o caminho completo de busca e confirmação dos dados.
Diante da gravidade da acusação, o portal anunciou que vai acionar judicialmente a SEMCOM e os blogs que repercutiram a nota oficial da prefeitura acusando o veículo de fake news.
“Não responderíamos a qualquer nota, mas como essa partiu de uma autoridade pública, vamos reagir no campo legal. Quem deve combater fake news deve, antes de tudo, falar a verdade”, finalizou a jornalista.
Dinheiro público precisa ser tratado com responsabilidade e transparência, ainda mais quando investido em comunicação institucional. A população tem o direito de saber quem está sendo pago com recursos públicos, por quê, e com quais resultados práticos.
Transparência não pode ser só discurso em nota oficial. Tem que ser prática diária — e, acima de tudo, acessível a todos.
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