Um levantamento de navegação e entrevistas com fontes do setor indicam que cerca de 11 milhões de barris de petróleo e combustíveis permanecem retidos em petroleiros ancorados em águas venezuelanas, enquanto exportadores hesitam em navegar em águas internacionais por temor de que militares dos Estados Unidos apreendam as cargas.
Fontes e dados consultados apontam que a ação dos militares americanos — que incluiu a interceptação e o embarque em um petroleiro venezuelano em 10 de dezembro de 2025 — levou exportadores e armadores a evitar navegar em alto-mar. O receio é reforçado por sanções recentes dos EUA a empresas de navegação e embarcações que fazem negócios com o produtor de petróleo latino-americano.
Parte do petróleo embarcado está em navios previamente sancionados por Washington em medidas relacionadas ao Irã ou à Rússia, o que aumenta a preocupação de que sejam alvo de novas medidas punitivas ou de apreensões.
De acordo com os dados, desde a apreensão ocorrida em dezembro apenas petroleiros fretados pela gigante americana Chevron navegaram em águas internacionais transportando petróleo bruto venezuelano. A Chevron opera no país por meio de joint ventures autorizadas pelo governo dos Estados Unidos, o que lhe permite exportar petróleo para os EUA — um privilégio que a distingue de outros armadores e facilita suas operações em alto-mar.
Imagens divulgadas pelas autoridades mostraram militares americanos embarcando e assumindo o controle de um petroleiro no mar do Caribe. A Casa Branca declarou a intenção de levar o navio para os Estados Unidos e apreender a carga. O episódio foi incomum: até então, as ações militares americanas na região se concentravam em interceptações de embarcações menores ligadas ao tráfico de drogas.
O governo de Nicolás Maduro reagiu afirmando que defenderá a soberania e os recursos nacionais e que denunciará a apreensão às instâncias internacionais. Especialistas consultados nas fontes do levantamento destacam que a ação elevou o risco de uma escalada diplomática e suscitou perguntas sobre a legalidade e o caráter potencialmente conflituoso da medida.
A retenção de volumes significativos de petróleo reduz as exportações efetivas da Venezuela e complica fluxos de abastecimento e contratos comerciais. Além dos efeitos econômicos imediatos, a crise aumentando o reforço militar americano na região — com porta-aviões, caças e tropas — alimenta tensões regionais e incertezas para armadores que precisam decidir entre operar sob risco de sanções ou manter cargas presas em portos e âncoras venezuelanas.
O cenário deixa claro que as decisões de governos e de operadores de navios poderão determinar nos próximos meses o destino de milhões de barris e o rumo das relações entre Caracas e Washington.
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