Trump deve anunciar em janeiro substituto de Powell no Fed; Warsh e Hassett despontam como favoritos, diz secretário do Tesouro


A Casa Branca informou que pretende revelar no início de janeiro o nome do próximo presidente do Federal Reserve, cargo a ser deixado por Jerome Powell em maio. A escolha, segundo o secretário do Tesouro Scott Bessent, pode influenciar a direção da política monetária dos EUA e afetar mercados globais, especialmente se o indicado trouxer uma visão diferente sobre a relação entre crescimento econômico e inflação.


Quem são os principais nomes cotados

Dois ex-nomes públicos aparecem como favoritos na avaliação da administração: Kevin Warsh, ex-governador do Fed com passagem pelo período da crise financeira de 2008, e Kevin Hassett, conselheiro econômico da Casa Branca e aliado próximo do presidente. Ambos são vistos por apoiadores como capazes de adotar uma postura mais agressiva a favor de cortes de juros.


Além deles, compõem a lista outros perfis que já circularam em bastidores: Christopher Waller, atual membro do conselho do Fed com formação acadêmica e postura institucional; Michelle Bowman, vice para Supervisão com experiência regulatória e foco em setor bancário; e Rick Rieder, executivo do mercado privado com ênfase em renda fixa. O próprio Bessent chegou a ser cogitado, mas, segundo relatos, recusou a indicação.

Pressão política e o tema da independência

A escolha ocorre em um contexto de forte pressão política: o presidente tem criticado a condução da política monetária e manifestado desejo de ser consultado sobre decisões como o nível das taxas de juros. Para analistas, isso aumenta o escrutínio sobre a capacidade do futuro presidente do Fed de manter autonomia diante de interesses do Executivo.

Do lado da administração, Bessent defendeu que o candidato ideal precise estar aberto a revisões conceituais sobre o vínculo entre crescimento e inflação, privilegiando explicações ligadas a desequilíbrios entre oferta e demanda. Já Hassett, quando entrevistado por veículos do mercado, sinalizou que vê a independência do Fed como um princípio importante — um argumento buscado para acalmar investidores.

Calendário e impactos práticos

A expectativa de anúncio em janeiro antecipa uma negociação que deve passar pelo processo de indicação formal e pela sabatina no Senado, etapas que podem durar semanas. Enquanto isso, a perspectiva de um presidente do Fed mais alinhado ao Executivo tende a influenciar expectativas sobre a velocidade e a profundidade de novos cortes de juros — um tema central para mercados de câmbio, dívida e ativos de risco.

Mesmo antes da escolha definitiva, decisões recentes do banco central americano já vêm sinalizando afrouxamento da política monetária. A sucessão de Powell será acompanhada de perto por investidores e governos, porque pode alterar tanto a condução da economia norte-americana quanto o ambiente financeiro internacional.