‘Tinha fé de que ele estava vivo’, diz irmã de desaparecido há quase 30 anos depois

“Tinha esperança, tinha fé de que ele estava vivo”. A declaração é da agricultora Antônia Marques da Silva, que encontrou o irmão que procurava há quase 30 anos. Cicero Marques da Silva, de 58 anos, morava nas ruas, e foi o primeiro desaparecido encontrado vivo no Brasil a partir da coleta de DNA de parentes de pessoas que sumiram sem deixar nenhuma pista.

Antônia mora em Lajedo, no Agreste de Pernambuco, mas Cícero foi encontrado em outra cidade, distante cerca de cem quilômetros, e vivendo com outro nome. Era conhecido como Francisco e foi achado na Rua Francisco de Assis Macena, no Centro de Arcoverde, no Sertão do estado.

Ele vivia nas calçadas do município foi identificado após o cruzamento de DNA feito pela Polícia Científica de Pernambuco durante a campanha de coleta de DNA de familiares de pessoas desaparecidas, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O policial militar aposentado Carlos Lopes, de 58 anos, conhecia Cícero desde o século passado. “Em 1999, comecei o contato com ele. Foi logo quando ele chegou aqui [ao município]”, contou.

Homem de poucas palavras, Cícero nunca explicou como foi parar em Arcoverde, apesar de dormir em calçadas da cidade há vários anos. Além disso, não tinha contato com parentes nem documentos que comprovassem a real identidade dele.

Em junho deste ano, Cícero machucou o ombro em uma queda. Ele foi socorrido e a ajuda veio em forma de mutirão: bombeiros, enfermeiros e barbeiro… todo mundo ajudou. “Eu fiquei abismado, fiquei admirado”, disse Cícero, que afirmou ter passado oito anos sem cortar o cabelo e a barba.

A única pista que Carlos tinha sobre Cícero era que ele tinha comentando, uma vez, que nasceu em Lajedo. O policial aposentado resolveu, então, levá-lo até o município. Quando chegaram na cidade, Cícero reconheceu o nome de uma praça do local. Com informações do G1.