Os casos de fura-fila na vacinação contra a Covid-19 em Manaus, que envolveram membros da prefeitura, incluindo o prefeito David Almeida (Avante), ganharam grande repercussão nacional em janeiro de 2021. Esses episódios resultaram em investigações lideradas pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM), com pedidos de prisão e afastamento de autoridades.
Denúncias de Fura-Fila na vacinação
Uma das primeiras controvérsias envolveu Sabá Reis, secretário de Limpeza Pública (Semulsp), que foi vacinado em 19 de janeiro de 2021, embora não fizesse parte do grupo prioritário na época. Para justificar o ato, a prefeitura alegou que Sabá era diabético e havia precisado de atendimento médico em São Paulo devido à superlotação dos hospitais em Manaus, onde ele testou positivo para Covid-19. Exame e AMAZONAS ATUAL
Pedido de prisão do prefeito David Almeida e da secretária de saúde
A gravidade das acusações levou o MP-AM a solicitar a prisão preventiva e o afastamento do prefeito David Almeida e da secretária de Saúde, Shadia Fraxe. O pedido, datado de janeiro de 2021, foi baseado em suspeitas de crimes de peculato e falsidade ideológica. O MP alegou que membros do alto escalão da prefeitura foram vacinados fora da lista de prioridades, incluindo dez médicos recém-nomeados para funções administrativas, o que levantou suspeitas sobre irregularidades nas contratações. AM POST
Decisão da justiça
O pedido de prisão, no entanto, não foi acatado imediatamente. O desembargador plantonista do Tribunal de Justiça do Amazonas, José Hamilton Saraiva dos Santos, declinou da competência, transferindo o caso para a Justiça Federal, já que as vacinas eram financiadas com verbas federais. O MP-AM recorreu dessa decisão, argumentando que a responsabilidade pela aplicação das vacinas era da administração municipal, e por isso a competência deveria ser estadual. AMAZONAS ATUAL
David Almeida, em resposta às acusações, afirmou que a investigação era “ilegal e arbitrária” e que tomaria as medidas judiciais cabíveis para se defender.
As Irmãs Lins e outras irregularidades
Entre os envolvidos nas irregularidades estavam as irmãs Lins, filhas do empresário Nilton Costa Lins Júnior. As gêmeas foram acusadas de furar a fila da vacinação após serem nomeadas, em 18 de janeiro de 2021, para cargos na Secretaria de Saúde de Manaus. Elas foram vacinadas no dia seguinte, embora suas funções não fossem diretamente ligadas ao combate à pandemia. As investigações do MP-AM apontaram que suas nomeações tinham como objetivo burlar a fila da vacinação.
Em fevereiro de 2021, a prefeitura exonerou sete dos dez servidores investigados pelo MP-AM, incluindo as irmãs Lins, em uma tentativa de mitigar os danos causados pelo escândalo.
Consequências e impacto
O caso gerou uma onda de revolta em todo o Brasil, especialmente em um momento crítico da pandemia em Manaus. Além das investigações contra membros da prefeitura, a gestão de David Almeida passou a ser criticada pela falta de transparência, um ponto que ele havia prometido melhorar durante sua campanha eleitoral.
Apesar dos pedidos de prisão e afastamento, o MP-AM continuou a investigar o caso, revelando mais detalhes sobre os favorecimentos ilegais e a condução da campanha de vacinação em Manaus.
Fontes:
- Conforme noticiado pela EXAME, o MP-AM investigou irregularidades na vacinação, envolvendo o prefeito e sua equipe. Exame
. - O site Amazonas Atual destacou as acusações contra Sabá Reis e o pedido de prisão de David Almeida. AMAZONAS ATUAL
. - O AM Post também relatou detalhes do caso, incluindo o envolvimento das irmãs Lins e as exonerações ocorridas em fevereiro. AM POST
Esses desdobramentos mostram a gravidade das irregularidades na gestão da vacinação em Manaus e as consequências jurídicas enfrentadas pelos envolvidos na época.