Rabdomiólise: conheça a causa e sintomas da doença do peixe que está causando surto no Amazonas

Os casos de rabdomiólise, mais conhecido como “doença da urina preta’”, vêm aumentando no Amazonas, principalmente no município de Itacoatiara. Até terça-feira (7), o estado já soma 55 casos da síndrome, sendo um óbito.

O que é a doença 

Conhecida desde a década de 1920, a doença está relacionada a uma toxina que é encontrada em peixes como tambaqui, badejo, arabaiana, pirapitinga, e em crustáceos, como o camarão e lagosta.

Ao contrário do que algumas pessoas acham, a infecção não é causada por bichos ou algo que o peixe ingeriu, acontece quando ele não é armazenado e acondicionado da maneira correta, pois assim cria uma toxina sem cheiro, sem sabor e invisível a olho nu.

Mesmo que o produto seja cozido, a ingestão da toxina causa destruição das fibras musculares e libera elementos dentro dessas fibras no sangue e causa danos ao sistema muscular e outros órgãos.

Além dos peixes, a rabdomiólise também pode ser desencadeada por outros fatores. Pode ser por um medicamento, por um metal pesado, uma atividade física extenuante ou após convulsões.

Sintomas e tratamento

• Rigidez muscular;
• Dores musculares;
• Dor torácica;
• Dificuldade para respirar;
• Dormência;
• Urina cor de café;
• Dormência;
• Perda de força em todo o corpo.

O infectologista da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Antonio Magela, afirma que uma característica comum das pessoas com a condição é que desenvolveram um quadro que iniciou com dores de cabeça e musculares.

“São dores nos grupos musculares que nós temos controle sobre eles, que nós chamamos de musculatura esquelética. A isso se associa fraqueza e dificuldade nos movimentos. Nós sabemos que nesta situação, havendo a ingesta prévia de peixe, a equipe de saúde já está ciente que está ocorrendo isso, e lança mão de alguns exames de laboratório, que podem confirmar ou descartar essa possibilidade. No caso de confirmação, se encaminha a pessoa para o tratamento adequado”, explica o infectologista.

Os sintomas costumam aparecer entre 2 e 24 horas após o consumo dos peixes ou crustáceos.

O tratamento depende da gravidade do caso, pode ser feito em internação hospitalar ou no domicílio do paciente. Qualquer unidade hospitalar do estado pode tratar pacientes com essa condição.
A hidratação é fundamental logo após os primeiros sintomas, uma vez que diminui a concentração da toxina no sague e, por essa razão, a urina sai com uma cor diferente.

Recomendação 

 

A Fundação de Vigilância e Saúde do Amazonas Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), publicou um comunicado com orientações para que seja evitado o consumo de pescado extrativo (oriundo de lagos e rios) no município de Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus) como medida para conter a proliferação da rabdomiólise na região.

O comunicado informou que devido às evidências de casos de rabdomiólise relacionados a ingestão de pescados, a FVS-RCP orienta a população do município de Itacoatiara, um dos pontos com mais casos da doença, a restrição temporária do consumo dos peixes Pirapitinga, Pacu e Tambaqui, de origem de pesca em rios e lagos, sendo essas as espécies que podem estar associadas ao aumento de casos no município.

O documento esclarece ainda que o pescado com origem de criadores em tanques de piscicultura não está associado aos casos da doença, além de outras espécies de peixes encontrados nas bacias de rios e lagos da região.

A recomendação para os demais municípios é de alertar a rede de saúde para a identificação de possíveis novos casos e orientar a população quanto aos sinais e sintomas da doença.