
O assassinato do físico português Nuno Loureiro, líder do Centro de Ciência do Plasma e Fusão do MIT, em Brookline, nos arredores de Boston, sacudiu a comunidade científica e acendeu debates sobre a proteção de pesquisadores em ambientes de alto risco. As autoridades indicam que o crime guarda uma relação com o ataque recente à Brown University, ainda sob apuração, sugerindo uma linha em comum entre dois incidentes ocorridos em sequência, envolvendo indivíduos de origem portuguesa.
Quem era Nuno Loureiro
Nuno Loureiro nasceu em Viseu e formou-se em Física pelo Instituto Superior Técnico, em Lisboa, antes de concluir o doutorado no Imperial College London. Desde 2016, lecionava no MIT e, em 2024, assumiu a direção do Centro de Ciência do Plasma e Fusão, um dos principais laboratórios da instituição. Seu trabalho concentrou-se no estudo do plasma e no desenvolvimento de dispositivos de fusão que visam tornar a energia limpa uma realidade prática, sem emissões de carbono nem resíduos radioativos. A trajetória foi marcada por reconhecimentos na área de plasma e pela liderança de equipes que buscam avanços significativos para a utilização da fusão como fonte de energia.
Em depoimentos oficiais e homenagens, Loureiro é descrito como pesquisador influente, mentor de estudantes e líder capaz de aproximar a pesquisa básica de aplicações energéticas de grande escala. O MIT destacou, ao anunciá-lo como titular, a ênfase de seus trabalhos no comportamento do plasma em condições de fusão e a relevância de tais estudos para um futuro energético sustentável.
Conexões com o ataque à Brown
Segundo fontes oficiais, a polícia informou que o suspeito do ataque na Brown University, Claudio Neves Valente, de 48 anos, também é considerado responsável pela morte de Loureiro. O assassinato de Loureiro ocorreu na noite de segunda-feira, quando ele foi encontrado com ferimentos de arma de fogo em sua residência em Brookline; já o ataque à Brown ocorreu dois dias antes, no campus de Providence. A distância entre as cidades e a proximidade geográfica dos eventos acendem hipóteses sobre uma possível relação entre as trajetórias dos dois portugueses. Além disso, há indícios de que Valente e Loureiro teriam estudado na mesma universidade em Lisboa, o que reforça a ideia de uma ligação acadêmica entre eles.
Valente foi encontrado morto na quinta-feira, e as motivações por trás de ambos os crimes ainda não foram esclarecidas pelas autoridades. A investigação continua para compreender se há um padrão ou conexão entre os acontecimentos.
Impactos para a comunidade científica e o futuro da fusão
Os episódios despertam dúvidas sobre a segurança de pesquisadores que atuam em áreas sensíveis, como a fusão nuclear, em ambientes universitários de alta visibilidade. Instituições de pesquisa, incluindo o MIT, sinalizam o compromisso com a continuidade das pesquisas e com a proteção de equipes, ao mesmo tempo em que revisam protocolos de segurança e apoio aos seus membros. A ligação entre pesquisadores de Portugal e laboratórios norte-americanos também evidencia a mobilidade acadêmica e a cooperação internacional que caracterizam a ciência moderna.
Legado, reconhecimento e contexto histórico
Ao longo da carreira, Loureiro recebeu prêmios relevantes na área de plasma e física de fusão, destacando-se por avanços no entendimento do comportamento de plasmas sob condições de fusão e pela liderança de equipes multidisciplinares. Em obituários e homenagens, colegas ressaltaram seu papel como mentor e como figura que ajudou a moldar o campo, deixando um legado de pesquisa, ensino e colaboração institucional entre Portugal, IST e MIT. A tragédia também reacende o debate internacional sobre como equacionar segurança, saúde mental e políticas de apoio a pesquisadores que trabalham com tecnologias de ponta.





