Um projeto desenvolvido com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), estimulou a formação musical de estudantes adolescentes do Ensino Médio, da Escola Estadual Homero de Miranda Leão, localizada no bairro Cidade Nova, zona norte. Intitulado “Ensemble de Cordas”, a iniciativa ensinou instrumentos como violino, viola, harpa, e incentivou o canto coral, com intuito de despertar novos talentos entre os alunos para a área da música.
Desenvolvido pelo Programa de Desenvolvimento e de Inovação para Educação Básica (Prodeb/Fapeam), o projeto coordenado pelo doutor em Musicologia e professor da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar, Fabio Amorim de Melo, buscou ainda contribuir para o início de uma possível carreira desses jovens nas diferentes vertentes da música. Ele afirma que a música é um importante instrumento de transformação e inclusão social.
“Investir profissionalmente na juventude da zona norte de Manaus é importante, pois cria projetos de sustentabilidade que promovem a autonomia e o protagonismo dos jovens no mercado da economia criativa”, defende.
Segundo Fabio Amorim, o projeto foi o único em toda a região Norte e Nordeste do país a oferecer gratuitamente o ensino da harpa. A respeito dos resultados do “Ensemble de Cordas” até o momento, ele destaca as oportunidades que alguns dos ex-integrantes tiveram depois de passarem pelo projeto.
“Muitos dos alunos já experimentaram uma inserção no mercado de trabalho, com participações em eventos privados e junto às orquestras profissionais da cidade de Manaus. Além disso, cerca de cinco alunos já se preparam para ingressar no ano que vem nos cursos universitários de música”, informou.
Segundo o coordenador, o chamado “Método Suzuki”, de Shinichi Suzuki, e a teoria de José Antônio Abreu conhecida como “O Sistema”, foram aplicados durante as aulas, com o objetivo de fortalecer o ensino coletivo e gratuito da música, por meio da interação entre alunos, professores, pais e comunidade.
Alinhada às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), estiveram entre as atividades do projeto: aulas de instrumento, canto coral, teoria e formação musical, bem como prática de conjunto, com os alunos tocando em grupo. O conjunto de disciplinas foi desenvolvido pelo coordenador Fabio Amorim e grupo de profissionais da educação.
“As aulas foram ministradas por Lia Carvalho (canto coral), Diana Todorova (harpa) e Fernando Gabriel (teoria musical), além de contarmos com o auxílio de Bruno Belchior como psicólogo do projeto. As atividades ocorreram sob gestão da diretora da escola, Anne Paula Silveira”, detalha o pesquisador.
No repertório, estão presentes faixas tradicionais do folclore mundial, brasileiro e, principalmente, amazônico. Fabio Amorim ressalta que a curadoria das canções levou em consideração também a opinião dos jovens.
“A metodologia adotada pela iniciativa toma como exemplo propostas de ensino coletivo de música bem-sucedidas na América Latina e se utiliza das canções tradicionais e do repertório dos alunos para desenvolver noções como técnica, musicalidade e performance”, descreve.
No Laboratório de Criação, os estudantes puderam, ainda, desenvolver habilidades de composição, uma abordagem que os permitiu desenvolver a própria identidade musical autoral.
“Os alunos foram encorajados igualmente a comporem músicas vocais e instrumentais que posteriormente são tocadas pelo próprio grupo”, relata.