Professor da USP é demitido após denúncias de assédio sexual contra alunas

O reitor da Universidade de São Paulo (USP), Vahan Agopyan, demitiu o professor Claudio Lima de Aguiar, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), por “reiteradas práticas de assédio sexual e moral” contra alunas. Ele acatou recomendação da comissão processante que, desde 2019, vinha apurando as denúncias. Oito pós-graduandas da Esalq, todas orientandas ou ex-orientandas dele, acusam Aguiar de condutas abusivas em depoimentos ricos em detalhes, segundo a Associação de Docentes da USP (Adusp).

A exoneração foi publicada no Diário Oficial do Estado no último dia 22. O professor foi procurado pelo Estadão e não havia dado retorno até a publicação da reportagem. A USP confirmou a demissão do docente de seus quadros, acatando parecer da Congregação da Esalq.

Engenheiro químico, Aguiar era professor do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) da Esalq, campus de Piracicaba, interior de São Paulo, e exercia a função de coordenador do programa de pós-graduação em Microbiologia Agrícola. Conforme a Adusp, os abusos remontam a 2016 e estão relatados de forma minuciosa em depoimentos que descrevem “condutas sistemáticas de assédio sexual, constrangimentos, xingamentos machistas, homofóbicos, humilhações públicas e abusos de poder”.

Segundo divulgação da Adusp, os relatos enviados às comissões dão conta de que o professor procurava se mostrar amigável e solícito com as alunas, mas, com o passar do tempo, adotava condutas abusivas que envolviam “proximidade física e contatos indesejados, inclusive beijos no rosto e, frequentemente, toques em parte do corpo”. Durante as reuniões, o docente pedia para as alunas se sentarem mais perto e desviava o assunto, fazendo comentários invasivos sobre a vida pessoal, “perguntando e insinuando aspectos da intimidade das vítimas”. Em alguns casos, ele tocava os corpos das alunas, muitas vezes nas coxas e nas barrigas e, quando estas reagiam, dizia coisas como “calma, eu sou casado”.

Em depoimento ao jornal O Globo, uma das vítimas contou que Aguiar era seu orientador de mestrado e, em março de 2016, a convidou para uma reunião a sós em sua sala. Ela sabia que o professor tinha costume de se fechar no recinto com suas orientandas e assediá-las, mas não teve como evitar o encontro. Assim que entrou na sala, Aguiar pediu que trancasse a porta e se sentasse à mesa. A orientanda pretendia mostrar como andava seu projeto de dissertação, mas o professor insistiu em fazer massagem nela. Com informações do Estadão;