Na última quarta-feira (25), pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), em Portugal, identificaram que o vírus causador da varíola dos macacos sofreu uma série de mutações desde os surtos anteriores da doença.
O grupo de pesquisa da professora Joana Isidro, do Departamento de Infectologia do Insa, analisou amostras de dez sequenciamentos genômicos de pacientes infectados recentemente.
O vírus, que já preocupa autoridades de saúde de pelo menos 19 países, tem características muito semelhantes à cepa encontrada durante surto de varíola dos macacos em 2018 e 2019, no Reino Unido, Israel e Cingapura. No entanto, ele possui cerca de 50 mutações adicionais.
“Isso é muito mais do que se esperaria, considerando a taxa de substituição estimada para ortopoxvírus (vírus causador da varíola)”, escreveram os pesquisadores em um artigo divulgado em formato de pré-impressão que ainda precisa de revisão de outros especialistas.
Varíola dos macacos
Autoridades de saúde têm supervisionado o alastramento de casos de varíola de macaco pelo mundo desde o início de maio. Pelo menos 19 países já registraram casos da doença, sendo a maioria deles na Europa.
Considerada endêmica no continente africano, a varíola dos macacos é apontada como uma cepa menos agressiva da varíola, doença erradicada há mais de 50 anos no Brasil – país que ainda não detectou nenhum caso.
O período de incubação do vírus que provoca a doença varia de sete a 21 dias, e os primeiros sintomas costumam aparecer dez ou 14 dias após o momento da infecção.
Os sintomas incluem febre, mal estar e dor e, cerca de três dias depois, os pacientes passam a apresentar bolhas – parecidas com as da catapora, que evoluem para crostas. A doença termina entre três e quatro semanas após a infecção.