Oito países da UE dizem que a Rússia se tornou uma ameaça ‘irreversível’ no Leste Europeu e pedem defesa coordenada após cúpula em Helsinque


O receio sobre a segurança na região do Leste Europeu ganhou tom de urgência nesta terça-feira, quando oito países da União Europeia divulgaram uma declaração conjunta afirmando que o cenário mudou de forma duradoura devido à guerra na Ucrânia e às ações de Moscou. O documento, resultado de uma cúpula em Helsinque, pede uma resposta coordenada entre setores e um reforço das defesas e da preparação para crises.


O que consta na declaração

Os signatários — Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia e Bulgária — apontaram a Rússia como a principal ameaça à estabilidade euro‑atlântica no médio e longo prazo. No texto, os países destacam a necessidade de fortalecer capacidades de defesa da União Europeia, proteger fronteiras e elevar o nível de prontidão diante de cenários híbridos que combinam ações militares, cibernéticas e desinformação.


Todos os países que assinaram mantêm algum contato territorial ou marítimo com a Federação Russa, seja na fronteira com a Rússia continental ou com o exclave de Kaliningrado, o que explica a percepção direta do risco.

Por que a preocupação aumentou

A invasão russa da Ucrânia desde 2022 transformou a proximidade geográfica em fator de vulnerabilidade política e militar. Além das operações convencionais, governos da região relatam campanhas de pressão que misturam ataques cibernéticos, influências informacionais e outras ações não declaradas que ampliam a sensação de insegurança.

Ao mesmo tempo, a evolução das negociações para encerrar a guerra tem gerado incerteza: embora diplomatas europeus e americanos mencionem avanços em conversas, a questão da soberania sobre territórios ocupados permanece sem solução clara — um ponto que afeta diretamente a avaliação de risco das nações vizinhas.

O que pode mudar na prática

A iniciativa de Helsinque pede respostas multissetoriais — envolvendo forças armadas, serviços de inteligência, proteção de infraestruturas críticas e cooperação fronteiriça — e exige maior coordenação entre capitais europeias e instituições do bloco. Entre as medidas citadas estão o aumento de recursos para defesa, o reforço de controles nas fronteiras e exercícios conjuntos para melhorar reação a crises.

Especialistas ouvidos por autoridades da região veem a declaração como um sinal para acelerar decisões políticas e orçamentárias no próximo ciclo de planejamento europeu. Para os países signatários, a meta é reduzir a janela de vulnerabilidade enquanto a diplomacia tenta definir termos para o fim do conflito ucraniano.

O desfecho dessas iniciativas deverá influenciar não só o mapa de segurança do Leste Europeu, mas também o ritmo das alianças e da cooperação transatlântica nos próximos anos.