Noiva Yanomami dá à luz horas antes de casamento e juiz celebra união dentro do hospital, no Amazonas

foto: Chico Batata

O juiz auxiliar da Corregedoria-Geral de justiça, Áldrin Rodrigues, celebrou na noite de domingo (10), no Hospital da Guarnição de São Gabriel da Cachoeira (HGuSGC), unidade de saúde administrada pelo Exército Brasileiro, localizada no interior do Amazonas, o casamento civil do casal indígena João Ramos Moraes, 41 anos, com Lenilda Alves França, 32 anos, ambos da etnia Yanomami.

O magistrado realizou a 2.ª edição do Casamento Comunitário, Indígena “Felizes para Sempre”, no ginásio do Centro de Educação de Tempo Integral Pedro Yamaguchi, quando foi descoberto com a notícia de que uma das noivas estava no hospital para dar à luz e que o noivo estava no ginásio para participar da cerimônia. O casal de yanomamis, João e Lenilda, moram em uma das mais de 700 comunidades que existem no município e viajam mais de 8 dias de barco para poder oficializar a união.

Sensibilizado com a situação, o magistrado após encerrar a cerimônia oficial, se deslocou até a unidade de saúde acompanhada do noivo, do intérprete da língua yanomami e da enfermeira Patrícia Monteiro da Casa de Saúde Indígena (Casai) para registrar a união do casal.

A cerimônia foi realizada dentro da enfermaria onde mãe e filha estavam, após o parto, no fim da tarde de domingo. Com a ajuda de um intérprete, o magistrado celebrou a união civil do casal que já vive junto há cerca de um ano e meio.

Ao ser questionado se aceitava se casar com Lenilda, João foi enfático ao destacar que “eles se recuperaram de forma certa e que nunca se separarão. E que esse casamento vai ser construído até a morte”.

“Os serviços públicos que devem se adaptar às necessidades desses povos e não o oposto. Essas pessoas estão distantes do núcleo urbano da cidade a cerca de 8 dias via transporte fluvial, elas não podem aguardar mais tempo para materializar seus direitos, agir com eficiência torna-se o método mais adequado de inclusão social”, explicou o juiz Áldrin Rodrigues.

Com informações do Tribunal de Justiça do Amazonas