MPF e PF veem ligação de ouro ilegal da Amazônia com quatro big techs

A empresa italiana Chimet e a brasileira FD’Gold extraíram e exportaram ilegalmente ouro de terras indígenas na Amazônia Legal, e parte dele acabou tendo como destino final equipamentos de gigantes da tecnologia, é o que apontam Investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF).

Segundo as investigações, tal ligação consta em relatórios de “minérios de conflitos” — aqueles que seriam extraídos em áreas de riscos –, divulgados pela Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de valores mobiliários dos EUA.

Os documentos indicam que a empresa italiana e a brasileira Marsam (tendo como fornecedora a FD’Gold) constam na lista de venda de metais para dispositivos e computadores produzidos por AppleAmazonGoogle e Microsoft, conforme apuração do Repórter Brasil.

Isso indica que potencialmente metal originado do garimpo ilegal na Amazônia acabou sendo utilizado na confecção de tablets, telefones, acessórios para aparelhos digitais e até consoles Xbox, da Microsoft.

Segundo a Polícia Federal à revista Veja, empresas como a Chimet estavam extraindo ouro ilegal da terra indígena kayapó desde 2015. A Procuradoria do MPF no Pará confirmou o ajuizamento de ações contra as distribuidoras FD’Gold, Carol e OM, acusadas de despejar no mercado nacional e internacional mais de 4,3 mil quilos de ouro ilegal nos anos de 2019 e 2020. O ouro estava sendo extraído de garimpos ilegais na região sudoeste do Pará. A ação civil pública contra a FD’Gold — fornecedora da Marsam, que, por sua vez, vendia para as grandes empresas de tecnologia — foi ajuizada em agosto de 2021 e continua na primeira instância, sem decisão. O MPF está demandando multa de 10,6 bilhões de reais por danos sociais e ambientais para as três companhias.

O que diz a Apple

“Se uma fundição ou refinadora não conseguir ou não quiser atender aos nossos padrões rígidos, nós a removeremos de nossa cadeia de fornecimento e, desde 2009, orientamos a remoção de mais de 150 fundições e refinarias”.

O que diz o Google

A companhia falou do rigor do Código de Conduta do Fornecedor, adotado pela multinacional, exigindo a busca por minérios “apenas de empresas certificadas e livres de conflito”. Em nota, a companhia também descartou a adoção de protocolos como a auditoria pelo Processo de Garantia de Minerais Responsáveis (RMAP, na sigla em inglês) da Iniciativa Minerais Responsáveis (RMI).

A Microsoft e Amazon preferiram não comentar sobre o tema.

Com informações da Gazeta Brasil