Meloni sinaliza apoio italiano ao acordo UE-Mercosul, desde que demandas do setor agrícola sejam atendidas


A Itália sinaliza disposição para avançar no acordo entre União Europeia e Mercosul desde que fiquem claras as garantias e respostas aos produtores agrícolas italianos. Em contato com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-ministra Giorgia Meloni deixou claro que não é contrária ao tratado, mas que o governo precisa de definições precisas para destravar a adesão interna. Segundo interlocutores da Brasília, o apoio pode vir assim que as demandas forem atendidas, com a compreensão de que as decisões cabem à Comissão Europeia e podem ser resolvidas com rapidez. O comentário ocorre em meio à reunião do Conselho Europeu para discutir o texto e aos tropeços diplomáticos entre algumas capitais da UE.


Contexto político entre Roma e Bruxelas

O governo italiano condiciona o respaldo ao acordo à resposta concreta para as preocupações do setor agrícola, evitando abrir espaço para resistência interna. Enquanto Meloni sinaliza abertura, o debate na União Europeia segue acirrado, com o presidente francês Macron requerendo salvaguardas adicionais para seus agricultores. Em paralelo, a Comissão Europeia prepara mecanismos de proteção para setores sensíveis e o Parlamento Europeu aprovou salvaguardas que, na prática, permitem respostas rápidas caso haja descompasso entre o mercado latino-americano e o europeu.


Implicações para produtores italianos e para o debate europeu

A posição italiana é vista como peça-chave para avançar numa negociação historicamente complexa. Agricultores italianos temem que regras ambientais menos rigorosas no Mercosul criem competição desigual, principalmente em setores como carne bovina, açúcar e aves. A linha de frente no continente permanece dividida: França continua relutante, enquanto Alemanha e Espanha defendem que o bloco siga adiante com o acordo assinado, condicionando-se às salvaguardas acordadas. A Itália tenta conciliar o interesse econômico com a pressão de seus produtores.

Próximos passos e calendário

Se o Conselho Europeu der sinal verde, a etapa final envolve a assinatura do texto, prevista para o sábado 20 durante a cúpula de chefes de Estado do Mercosul, em Foz do Iguaçu. A expectativa é que Ursula von der Leyen viaje ao Brasil para oficializar o acordo caso haja consenso na UE. No entanto, permanece a incógnita sobre a velocidade com que Roma conseguirá manter a unidade interna para sustentar o apoio necessário, diante do escrutínio constante do setor agrícola italiano.