
A avaliação de Giorgia Meloni de que seria “prematuro” assinar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul reacende incertezas sobre o calendário da retomada do pacto comercial que vinha avançando após uma década de negociações. A posição italiana, expressa no Parlamento na véspera de uma cúpula europeia, aponta diretamente para exigências de proteção ao setor agrícola como condição para qualquer assinatura.
O pedido de garantias e o que está em jogo
Meloni afirmou que é necessário assegurar reciprocidade adequada para os produtores europeus antes de selar o entendimento. Em termos práticos, isso significa que a Itália — e possivelmente outros Estados‑membros — busca mecanismos para prevenir distorções nas trocas agrícolas, como salvaguardas tarifárias, exigências sanitárias reforçadas ou medidas para equilibrar competitividade entre setores sensíveis.
O acordo, discutido ao longo de décadas e formalmente acertado há cerca de um ano, envolve o Mercosul, bloco que reúne Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. A assinatura havia sido prevista em um gesto político de alto nível: a viagem da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Brasil, marcada para o fim desta semana. A declaração italiana coloca essa agenda em xeque e pode adiar o ato simbólico.
Consequências regionais e calendário
Uma postergação da assinatura tem efeitos práticos e políticos. Para países do Mercosul, a demora pode adiar expectativas de acesso ampliado ao mercado europeu; para produtores europeus, especialmente do Sul da Europa, representa a oportunidade de negociar salvaguardas. No plano político, a necessidade de consenso entre os 27 membros da UE torna plausível uma renegociação de condições ou um novo empurrão diplomatico para buscar compromissos que satisfaçam preocupações agrícolas.
Próximos passos: a cúpula da União Europeia e as conversas bilaterais nas próximas semanas serão decisivas. Se as garantias exigidas por Itália e por outros Estados‑membros forem definidas com clareza, a assinatura pode ser antecipada para o início do próximo ano, como indicou Meloni. Caso contrário, o processo tende a se arrastar, com impactos políticos para governos de ambos os lados e para setores econômicos sensíveis.





