A capital amazonense receberá pela primeira vez a Marcha para Exú, um evento que tem como objetivo ressignificar o culto ao orixá de religião de matriz africana. O evento será realizado no dia 30 de setembro, a partir das 14h, com concentração na Praça da Polícia e destino final na Praça do Congresso, ambas no Centro da cidade.
A marcha é gratuita e contará com manifestações artísticas, como cantores, grupos de dança e capoeira. Segundo a organização, haverá espaço para todas as manifestações da chamada “Cultura Pé no Chão”, aqueles que não costumam se apresentar em palcos oficiais.
O tema da marcha é “Exú não é Satanás”. A organização quer combater o preconceito e a intolerância religiosa que o orixá ainda sofre. Exú é uma divindade da mitologia iorubá que representa o equilíbrio entre o bem e o mal. É o mensageiro entre os humanos e os orixás, e é responsável por abrir e fechar caminhos.
ATUALIZAÇÃO: Marcha para Exú de Manaus pode ser alvo de ação judicial
O dono da patente do nome “Marcha para Exú” de São Paulo, Jonathan Pires, afirmou nesta terça-feira (26), ao portal Manaus Alerta que não autorizou a realização de um evento com o mesmo nome em Manaus. A marcha está prevista para acontecer no dia 30 de setembro, no bairro da Compensa. O evento é organizado pelo Coletivo Afroamazônico.
Pires afirma que a marcha é registrada em cartório e judicialmente e que a marcha de Manaus está usando o mesmo nome e a mesma marca sem autorização. “Isso é uma infração de marca e de patente. Eu vou tomar as medidas cabíveis para proteger os meus direitos”, disse Pires.
O Coletivo Afroamazônico não se manifestou sobre a polêmica.
O evento de São Paulo acontece anualmente desde 2016 e reúne milhares de pessoas para celebrar o orixá Exú, considerado o guardião das religiões de matriz africana. Em 2022, a marcha de São Paulo reuniu mais de 100 mil pessoas.
Se a marcha de Manaus for realizada com o mesmo nome, Pires poderá entrar com uma ação judicial contra o Coletivo Afroamazônico. A ação pode resultar em indenização para Pires e até mesmo na proibição da realização da marcha.
A polêmica levanta questionamentos sobre o direito de uso de nomes de eventos culturais. Em um país com grande diversidade cultural, é comum que eventos com nomes semelhantes sejam realizados em diferentes regiões. No entanto, quando um evento é registrado como marca, o uso do mesmo nome por outro evento pode ser considerado uma infração.
A decisão de Pires de entrar com uma ação judicial contra o Coletivo Afroamazônico é um sinal de que ele está disposto a proteger seus direitos como proprietário da marca “Marcha para Exú”. A decisão também pode ter um impacto no futuro de eventos culturais com nomes semelhantes realizados em diferentes regiões do país.