
Com uma população de mais de 2,2 milhões de habitantes, Manaus é a única entre as dez maiores cidades do Brasil que não possui Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou hospitais sob responsabilidade municipal. A ausência dessas unidades de saúde está custando caro à cidade, que deixou de receber pelo menos R$ 700 milhões em repasses do Sistema Único de Saúde (SUS), em comparação com outras capitais brasileiras de porte semelhante.
Comparativo entre capitais
Em 2023, enquanto Manaus recebeu R$ 66,8 milhões do Fundo Nacional de Saúde para procedimentos de média e alta complexidade ambulatorial, cidades como Salvador, Fortaleza e Belo Horizonte obtiveram valores consideravelmente maiores. Belo Horizonte, por exemplo, recebeu R$ 1,7 bilhão, 25 vezes mais que Manaus.
Essa disparidade persiste em 2024. Até o momento, Fortaleza e Salvador já receberam, cada uma, cerca de oito vezes mais recursos que Manaus. A capital mineira, por sua vez, ultrapassou a marca de R$ 1,3 bilhão em repasses do Ministério da Saúde para o mesmo tipo de procedimento.
O motivo dessa diferença é claro: enquanto outras cidades contam com uma vasta rede de unidades municipais de saúde, Manaus carece completamente de hospitais e UPAs municipais. Em Fortaleza, por exemplo, existem 10 hospitais e 6 UPAs, enquanto Salvador tem 8 hospitais e 10 UPAs, e Belo Horizonte conta com 12 hospitais e 9 UPAs.
Candidato à Prefeitura de Manaus, Roberto Cidade (União Brasil) criticou a gestão atual por negligenciar a criação dessas unidades e anunciou um plano ambicioso de construção de 12 UPAs 24 horas, distribuídas pelas diferentes zonas da cidade. “Manaus tem a quinta maior arrecadação do país, mas a atual gestão preferiu priorizar tinta e pincel em vez da saúde”, afirmou Cidade, ressaltando a necessidade urgente de uma rede municipal de pronto atendimento.
Cada UPA tem um custo estimado de R$ 6,5 milhões para implantação, sendo que R$ 4 milhões podem ser obtidos através de recursos do Ministério da Saúde. Segundo Roberto Cidade, “não faz sentido dizer que isso é responsabilidade do Governo do Estado. Se capitais como Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador recebem verbas do SUS, é porque as prefeituras fazem a parte delas.”
Falta de planejamento municipal
Atualmente, as unidades de pronto atendimento existentes em Manaus – duas UPAs e oito SPAs – são gerenciadas pelo Governo do Estado, o que limita o acesso do município aos recursos federais. A ausência de uma rede própria impede que a Prefeitura de Manaus solicite diretamente repasses maiores do SUS, como ocorre em outras capitais, que recebem verbas proporcionais à sua capacidade de atendimento.
O impacto desse descompasso é sentido diretamente pela população, que enfrenta longas filas e sobrecarga nas unidades estaduais de saúde. Com a implantação das UPAs municipais, Roberto Cidade promete melhorar a eficiência do atendimento e garantir que Manaus não continue a perder recursos federais que poderiam ser revertidos em benefícios para a saúde pública.
O caminho para uma saúde mais eficiente
A criação de uma rede municipal de saúde é uma solução já aplicada em várias capitais brasileiras. A implantação de UPAs em Manaus não só traria melhorias imediatas no atendimento de urgência e emergência, como também permitiria que a cidade acessasse um volume muito maior de recursos do SUS, contribuindo para o desenvolvimento de uma saúde pública mais eficiente e equitativa.
Este tema certamente será uma das principais pautas da eleição municipal em 2024, com a população de Manaus exigindo respostas para a falta de investimento na saúde pública local e esperando por uma gestão que priorize verdadeiramente o bem-estar de seus cidadãos.