Mãe vai processar Bolsonaro após filho de 13 anos ser internado com Covid

Uma advogada de Itapira, no interior de São Paulo, disse que vai processar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após seu filho, um garoto de 13 anos, ter sido internado em decorrência da Covid-19.

Em depoimento ao site Universa, do UOL, Maíra Recchia, de 40 anos, disse que entrar com uma ação por dano moral e material contra Bolsonaro, pedindo a responsabilização dele e do governo por eventuais omissões praticadas durante a pandemia de Covid-19.

“O direito administrativo brasileiro adotou, como regra, a responsabilidade objetiva do Estado em casos como esse. Mesmo em se tratando de responsabilidade subjetiva, quando se fala de culpa, por exemplo, os requisitos também estão presentes porque houve deficiência no atendimento das pessoas, falta de informação e ausência de ferramentas de vacinação e contenção da propagação da Covid”, disse a advogada.

Maíra conta que seu filho ficou internado por oito dias, mesmo sem ter qualquer outro problema de saúde. Segundo ela, o garoto chegou a ter 50% dos pulmões comprometidos.

“Meu filho tem 13 anos e nunca teve nenhum problema de saúde, nenhuma doença grave, nada. Não estava saindo de casa durante a quarentena, as aulas eram todas online. Mesmo assim, contraiu a Covid-19. Apesar de muito jovem, a doença evoluiu rápido e ele chegou a ter 50% do pulmão comprometido. Só não morreu porque teve acesso a um bom hospital”, diz a advogada.

Maíra e o filho moram no interior com a família, mas ela esteve sozinha com ele durante a internação no Hospital Albert Einstein, na capital. Segundo a advogada, eles viveram momentos de tensão durante o período de internação, e o menino chegou a pedir para voltar para casa, pois não queria “morrer longe de todo mundo”.

“Em um dado momento, ele disse que queria ir para casa, que não queria morrer longe de todo mundo. Eu tentava animá-lo, brincava, cantava músicas, fazia alguma palhaçada. Depois ia para o banheiro chorar. Foram os piores dias da minha vida”, disse Maíra.

Segundo a advogada, ela já começou a estudar no próprio hospital mesmo uma ação contra o governo de Bolsonaro. E que viu um grupo de vítimas da Covid e famílias que perderam alguém para a doença exigindo a responsabilização do presidente.

“Ter um presidente que estimula o contágio, que é irresponsável com a saúde das pessoas, que recusou a compra de vacina, que promoveu campanhas falsas sobre “kit covid”, é cruel. E me revolta ver cenas como a que ele tirou a máscara de uma criança. É um desrespeito com todas as mães”, disse a advogada.

Ainda ao Universa, Maíra diz que mesmo após quase um mês de ter recebido alta, seu filho apresenta sequelas que, no geral, surgem em adultos. Com informações da Istoé.