Macron espera que adiamento do acordo Mercosul-UE atenda exigências da França, mas decisão ainda depende de novos compromissos


Um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, visto como a maior zona de livre comércio do mundo, ficou mais um dia sem fechar nesta semana, com a Comissão Europeia adiando a assinatura para janeiro. Em Paris, o presidente Emmanuel Macron sinalizou cautela, dizendo que ainda é cedo para confirmar se esse atraso atende às exigências da França, especialmente no que diz respeito à proteção de seus produtores agrícolas.


O que está em jogo no Mercosul-UE

O tratado busca reduzir tarifas e alinhar regras em áreas como bens industriais, serviços, investimentos e padrões regulatórios. Além de questões comerciais, ele aborda propriedades intelectuais e insumos produtivos, ampliando o alcance para além do setor agrícola. A expectativa inicial era que a assinatura ocorresse ainda nesta semana, culminando na criação de uma das maiores zonas de livre comércio do mundo, caso o Conselho Europeu aprove o texto.


A posição da França e as salvaguardas agrícolas

Paris tem resistido à assinatura sem garantias adicionais para agricultores europeus. A França sustenta que salvaguardas mais robustas são necessárias para evitar competição desleal com produtos latino-americanos produzidos sob padrões ambientais menos rígidos. Macron afirmou que ainda é cedo para concluir que o adiamento resolverá as pendências, mas sinalizou expectativa de que haja convergência entre as partes.

Próximos passos e o papel do Conselho Europeu

O processo de ratificação envolve o Conselho Europeu, que exige uma maioria qualificada para avançar com o acordo. A decisão de adiar a conclusão para janeiro foi comunicada pela chefe da Comissão, Ursula von der Leyen, em reunião com líderes do bloco. A assinatura dependerá de o Conselho atender às condições apresentadas pela França e por outros Estados-membros que pressionaram por uma posição mais firme em defesa de salvaguardas agrícolas.

Impacto para agricultores e o debate político

Com o foco ainda voltado ao agronegócio, o acordo Mercosul-UE alimenta tensões políticas internas na UE. Enquanto defensores do acordo apontam benefícios para o comércio e investimentos, críticos temem aumento da concorrência por produtos vindos de fora da UE, com menos exigências ambientais. O desfecho pode influenciar não apenas o relacionamento entre a União e o Mercosul, mas também o equilíbrio político em países europeus dependentes do setor agrícola.