
Em Bruxelas, o presidente francês Emmanuel Macron disse que a França não apoiará o acordo entre a União Europeia e o Mercosul sem novas salvaguardas para seus agricultores. Ele reforçou que as contas não fecham e que o pacto não pode ser assinado sem garantias robustas para setores sensíveis do agro francês, diante de receios sobre regras ambientais menos rígidas na América Latina, especialmente no que diz respeito à carne bovina, às aves e ao açúcar.
Salvaguardas aprovadas pelo Parlamento Europeu
Na terça-feira, o Parlamento aprovou medidas de proteção e criou um mecanismo de monitoramento para impactos em produtos sensíveis. O texto prevê que a Comissão Europeia intervenha se o preço de um produto latino-americano ficar pelo menos 5% abaixo do preço correspondente na UE ou se o volume de importações isentas de tarifas crescer mais de 5%.
O desafio político no Conselho Europeu
Com o aval do Parlamento, o acordo depende agora do Conselho Europeu, que exige maioria qualificada para ratificação — 15 dos 27 países, representando 65% da população. França, Polônia e Hungria já indicaram resistência; a Itália surge como variável decisiva. Se a Itália escolher alinhar-se à França, a coalizão de oposição pode atingir o limiar necessário para bloquear o pacto.
Implicações para o agro francês e o panorama europeu
Para agricultores, o acordo é visto como risco devido à possibilidade de competição com produtos latino-americanos produzidos sob padrões ambientais diferentes. A França, mesmo com garantias da Comissão, mantém posição contrária e pediu adiamento da assinatura prevista para o fim de semana, com o texto ainda sujeito ao caminho no Conselho.
Próximos passos e desdobramentos
Caso o Conselho aprove as salvaguardas, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, pode viajar ao Brasil para avançar na ratificação. O acordo, concluído após décadas de negociação, aborda além do agro áreas como indústria, serviços e investimentos, com a assinatura final prevista para a cúpula do Mercosul no Brasil.





