O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na manhã desta quarta-feira que a pré-campanha deste ano está “incivilizada”, em relação a outras das quais participou, e que é preciso “respeitar” redutos de adversários políticos que eventualmente não lidem bem com a sua presença.
Ele rechaçou que a eleição deste ano seja mais difícil do que as outras cinco que disputou, entre 1989 e 2006, e criticou o presidente Jair Bolsonaro por “estimular o ódio” e viver “cercado de milicianos” por onde anda. A declaração foi feita durante entrevista à rádio “CBN” Campinas, cidade que ele deve visitar na quinta-feira para encontro com estudantes da Unicamp e aliados locais.
Questionado o que faria para conquistar o voto do eleitorado que não costuma votar no PT e defrontado com o caso de Ciro Gomes (PDT), que compareceu à Agrishow, maior feira de agronegócios do país, onde foi hostilizado por bolsonaristas, Lula declarou que quer conversar não apenas com quem já vota nele, mas com “todos os setores da sociedade”. Ele disse esperar de Geraldo Alckmin, seu vice, ajuda a alcançar esse eleitorado.
“Eu já fui fazer campanha em tantos lugares adversos, que não tem lugar proibido para fazer campanha. A única coisa que eu tenho que respeitar é que tem outros candidatos, e alguns lugares podem ter eleitores dos outros candidatos, e esses eleitores poderão não gostar da nossa visita. Mas isso faz parte da política”, afirmou.
O ex-presidente prometeu fazer uma campanha diferente de Bolsonaro. O presidente costuma dizer que a disputa eleitoral é uma luta “entre o bem e o mal” e chamar os adversários de “inimigos”.
“É uma campanha mais incivilizada do que as outras, em que você tinha disputa, tinha briga com os adversários, mas era uma coisa dentro do campo da política, muito civilizada. A gente terminava um ato público, podia se encontrar em qualquer lugar e conversar como adversários, se respeitando. Com o atual presidente, é tudo muito difícil, porque ele é cercado de milicianos em quase todo o território nacional. Ele gosta de estimular o ódio, a briga, a provocação, que não faz parte do nosso diário na política.”