Jovem leva choque de peixe-elétrico da Amazônia e fica com metade do corpo paralisado

Lucas Rocha Oliveira, de 18 anos, foi internado no Hospital Estadual de Laranjal do Jari, após dar entrada no local vítima de um ataque de poraquê, uma das espécies de peixe-elétrico da Amazônia.

Testemunhas acreditam que o animal surgiu na área urbana devido as fortes chuvas que atingem desde março o município e causaram o aumento no nível do Rio Jari, o principal da região e que nos últimos dias atingiu uma meta histórica, superando os 3 metros.

Arailza Martins, diretora do Hospital Estadual de Laranjal do Jari (Helaja), informou que Lucas será encaminhado nesta terça-feira (3) para atendimento neurológico na capital Macapá, distante 265 quilômetros.

Ainda segundo a diretora do hospital, o quadro é estável, mas o jovem apresenta uma condição chamada de “hemiplegia”, uma paralisação que atinge um lado do corpo, impedindo a movimentação dos membros. No caso de Lucas, a região atingida foi o lado esquerdo.

“O quadro dele é estável e por isso ele vai viajar de ambulância. A única preocupação é o agravamento do quadro da hemiplegia, por isso a necessidade da consulta com um especialista em neurologia”, explicou.

Peixe da Amazônia

Raimundo Nonato Gomes, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e especialista em pesquisas sobre os poraquês, explicou que possivelmente o animal estava no local por conta da cheia do rio.

“O poraquê finaliza o período reprodutivo quando há inundações, já que os ninhos são submersos e ele respira ar. Dessa forma, não há local para que ele faça o ninho, então a tendência é que ele fique forrageando [procurando] em busca de comida. O poraquê acompanha o alagamento para caçar a alimentação”, explicou Raimundo.

Ainda segundo o cientista, o animal costuma atacar e se defender de possíveis predadores. Para isso, pode lançar dois tipos de sinais: o mais fraco, utilizado para se localizar no ambiente e para a comunicação com outros animais da mesma espécie; e o mais forte, aplicado em presas e ataques a predadores.

“Os seres humanos são vistos como inimigos, então ele se defende. Nós que estamos no território deles […]. Foi um acidente, com a enchente, a área de vida dos humanos se sobrepôs a dos poraquês, então ele se defendeu com a descarga elétrica. Normalmente eles usam as laterais alagadas dos rios para se alimentar, no período da cheia”, afirmou.

As informações são do G1.