JN denuncia pacientes covid-19 do AM sem sedativo amarrados em macas

Imagens que mostram pacientes amarrados em maca, em matéria do Jornal Nacional, denunciaram falta de sedativos, no Hospital Municipal Jofre Cohen, em Parintins. A matéria foi ao ar na noite da última segunda-feira (22), depois que inclusive o município fechou a ala covid-19, por ter havido redução no número de internações.

A presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Suzana Lobo, disse que o procedimento é até o correto a se fazer, quando não há disposição de medicamentos sedativos para pacientes que estão intubados, ou seja, respirando com a ajuda de aparelhos.

“A primeira coisa que pode acontecer é uma auto-extubação. Ele tira o tubo e isso pode levar, inclusive, a uma parada cardíaca. É desumano a gente pensar em uma pessoa que vai ser mantida em uma ventilação mecânica, em uma ventilação artificial, sem estar sob analgesia e uma boa sedação. Porque ela vai sentir desconforto, ela vai sentir ansiedade, ela vai sentir medo. E tudo isso vai levar a consequências muito graves mesmo que não na hora, no futuro. Pode levar a várias consequências traumáticas para essa pessoa”, explica Suzana.

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas, confirmou para a reportagem que a autenticidade dos vídeos procede e vai apurar a situação dos pacientes.

Segundo levantamento da reportagem, antes da pandemia, em períodos normais, o Amazonas consumia 800 ampolas por mês de um dos sedativos utilizados nas unidades. Nesta segunda onda de covid-19, em janeiro, esse número de consumo saltou para 50 mil ampolas, o que corresponde a mais da metade que é produzido no Brasil.

O secretário de Saúde de Parintins, Clérton Florêncio, afirmou para reportagem que a denúncia não procedia e que mandaria uma resposta oficial, mas não atendeu mais o telefone depois.

A Secretaria de Saúde do Amazonas declarou que mandou os medicamentos no próprio no sábado (20), logo depois de receber o pedido do município; que não houve relatos oficiais dos fatos mostrados na reportagem; que tem removido pacientes com recursos próprios e com apoio da FAB; e que ainda na terça-feira (23) uma força tarefa iria a Parintins para verificar o motivo do alto número de internações.

Já nesta quarta, a Secretaria de Saúde de Parintins, emitiu uma nota de esclarecimento sobre o caso, afirmando que não houve falta de medicamentos sedativos nos pacientes intubados.

“Mesmo com o estoque crítico de bloqueadores neuromusculares no sábado, como informado ao Governo do Estado, em momento algum os pacientes ficaram sem a sedação necessária para mantê-los em ventilação mecânica”, diz o texto.

Quanto à denúncia sobre pacientes “amarrados” nas macas, a Secretaria confirmou que a contenção dos mesmos é necessária para mantê-los em segurança, ao iniciar a diminuição dos sedativos, como no processo de extubação, evitando acidentes com os mesmos em uma movimentação brusca ou qualquer agitação que possa ocorrer após um longo período intubado.

A Secretaria informou também que há um número crescente de pacientes em estado grave, com necessidade de remoção a Manaus para tratamento de alta complexidade e que aguarda a transferência realizada pelo Governo do Estado do Amazonas.

Com informações do JN