
O governo japonês autorizou um orçamento de defesa recorde para o próximo ano fiscal, ultrapassando 9 trilhões de ienes. O objetivo é ampliar a capacidade de retaliação, a defesa costeira e o uso de plataformas não tripuladas, em meio a tensões crescentes com a China e a situação de Taiwan. O montante representa um aumento de 9,4% em relação a 2025 e sustenta o quarto ano de um programa quinquenal que busca dobrar os gastos com armamentos para 2% do PIB.
Contexto estratégico e metas de defesa
As autoridades destacam que o incremento ocorre num momento de aumento da pressão japonesa frente a atividades militares da China na região do Pacífico. A admissível mobilização das Forças de Autodefesa para responder a eventual ameaça a Taiwan foi reiterada pela primeira-ministra Sanae Takaichi, que sinalizou a possibilidade de intervenção caso Pequim tome medidas contra a ilha autogovernada.
Investimentos-chave: mísseis, drones e sistemas de vigilância
Entre as prioridades estão mísseis de longo alcance para surpresa tática e a expansão de plataformas não tripuladas. Cerca de 970 bilhões de ienes serão destinados a fortalecer a capacidade de mísseis de alcance remoto, com destaque para a compra de mísseis antinavio Type-12, estimados em 177 bilhões de ienes e com alcance próximo de 1.000 quilômetros. O primeiro lote deve entrar em operação em Kumamoto, no sudoeste, com implantação antecipada em relação ao cronograma.
Para vigiar as costas e apoiar a defesa, o orçamento reserva aproximadamente 100 bilhões de ienes para o desenvolvimento de uma rede de drones — aéreos, navais e subaquáticos — integrada ao que o governo chama de sistema SHIELD, com conclusão prevista para 2028. Em parte, a implementação inicial dependerá de importações, com potenciais fornecedores na Turquia ou em Israel.
Indústria doméstica, cooperação e tecnologia
O pacote também enfatiza o fortalecimento da indústria de defesa nacional por meio de cooperação internacional. Em 2026, o Japão planeja investir mais de 160 bilhões de ienes no desenvolvimento conjunto de uma aeronave de próxima geração com o Reino Unido e a Itália, com previsão de uso por volta de 2035. Além disso, há avanços em pesquisas com drones operados por inteligência artificial, destinados a operar de forma integrada com novas plataformas de combate.
Em um movimento que reforça a cooperação regional, a Austrália selecionou a Mitsubishi Heavy Industries para modernizar fragatas da classe Mogami, alinhando-se aos planos do Japão de expandir parcerias estratégicas. O orçamento também destina quase 10 bilhões de ienes para sustentar a base industrial de defesa e estimular exportações.
Próximos passos e implicações regionais
Para entrar em vigor, o orçamento precisa ser aprovado pelo Parlamento até março, integrado ao projeto orçamentário nacional de 122,3 trilhões de ienes. Especialistas destacam que o Japão se aproxima de ser o terceiro maior gastador militar do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, o que tende a influenciar a dinâmica de segurança no Pacífico e as relações com os aliados, especialmente Washington.





