
A tensão entre Israel e organizações humanitárias em Gaza ganhou contornos alarmantes nesta semana: o governo israelense informou que 37 ONGs podem ter as licenças suspensas caso não apresentem listas com dados de funcionários palestinos até a meia-noite, com a revogação de autorizações prevista para o dia 1º de janeiro. Em meio a esse cenário, a MSF pediu formalmente que Israel mantenha suas operações na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, destacando que a medida pode interromper serviços de saúde vitais e o fornecimento de alimentos a centenas de milhares de pessoas. Entre as ONGs ameaçadas, nomes de peso como Oxfam, CARE e World Vision International são citados como potenciais afetados. O contexto atual é agravado pelo inverno e por tempestades que já destruíram acampamentos, elevando a urgência de abrigo para cerca de 1,3 milhão de pessoas que precisam de apoio imediato.
Impacto humano e o que está em jogo
As autoridades justificam as novas regras como forma de impedir possíveis abusos, especialmente o uso da ajuda internacional por grupos ligados a militantes. No entanto, especialistas apontam que a exigência de dados sobre funcionários palestinos pode atrasar ou inviabilizar a entrega de alimentos, água e serviços médicos justamente quando a população mais necessita. O acordo de cessar-fogo de outubro previa a passagem de cerca de 600 caminhões por dia com suprimentos; avaliações indicam que hoje entram entre 100 e 300 caminhões. Caso a suspensão se confirme, o fluxo de assistência pode encolher ainda mais, piorando a crise humanitária que já afeta milhões na região.
Reação internacional e próximos passos
Resposta negativa dos principais atores internacionais: o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos descreveu a medida como ultrajante e ressaltou a obrigação de assegurar a ajuda humanitária conforme o direito internacional. A União Europeia também criticou as novas exigências, destacando que o registro de organizações não pode impedir a chegada de ajuda vital. Nove países, incluindo Reino Unido, França e Suíça, emitiram comunicados de preocupação e pediram que Israel preserve o funcionamento das ONGs. Com a crise agravando-se com o inverno, a comunidade internacional acompanha se Israel manterá a suspensão das ONGs e como isso impactará a assistência essencial à população em Gaza.





