Na última segunda-feira (25), Davi Kopenawa, uma das principais lideranças indígenas dos ianomâmis, encabeçou uma mobilização no Planalto em busca de ações efetivas contra o garimpo ilegal em terras indígenas em Roraima. O grupo também pediu que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dê prosseguimento ao julgamento que pode levar à cassação do governador Antônio Denarium, acusado de envolvimento em atividades ilegais na região.
A Denúncia ao TSE
O julgamento de Denarium está parado no TSE há mais de três meses. Em agosto, a ministra Cármen Lúcia, presidente da corte, retirou a pauta do processo de cassação do governador, sem divulgar o motivo. Essa inação tem causado indignação entre os ianomâmis, que veem a permanência de Denarium no cargo como um obstáculo na luta contra o garimpo.
Davi Kopenawa escreveu uma carta endereçada à ministra, cobrando providências imediatas. Na mensagem, ele destacou a gravidade da situação:
“Essa destruição compromete nossa existência e prejudica a luta contra a crise climática no mundo. Além do desmatamento, enfrentamos o desvio de medicamentos essenciais para a saúde do nosso povo.”
Reunião no Planalto
Os ianomâmis se reuniram com Alexandre Padilha, ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), para reforçar a urgência de medidas concretas. Eles também solicitaram um encontro direto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reiterando que, apesar das operações iniciadas pelo governo federal no ano passado, o garimpo ilegal ainda persiste no território.
Impactos do garimpo ilegal
O garimpo em terras ianomâmis tem causado uma devastação sem precedentes. Além de intensificar o desmatamento e a contaminação dos rios por mercúrio, a prática ilegal afeta diretamente a saúde das comunidades indígenas, com relatos de desvio de medicamentos vitais e a propagação de doenças.
Denarium, governador de Roraima, é apontado como cúmplice desse cenário, acusado de negligenciar as ações necessárias para combater o garimpo e, em alguns casos, de apoiar os envolvidos.
Caminho para a justiça
A mobilização dos ianomâmis no Planalto e a carta de Davi Kopenawa ao TSE são mais um capítulo da luta dos povos indígenas por justiça e preservação de suas terras. A cobrança agora recai sobre o TSE, que precisa retomar o julgamento do governador, e sobre o governo federal, para intensificar as ações de fiscalização e proteção na região.
A pressão internacional e nacional para proteger as terras indígenas não é apenas uma questão de direitos humanos, mas também uma medida essencial no combate à crise climática global.
Enquanto aguardam respostas, os ianomâmis seguem firmes em sua resistência, mostrando que sua luta vai além da preservação territorial – trata-se da sobrevivência de uma cultura e de um povo que há séculos protege a Amazônia.